Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
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As três opções
Prometo que não se trata de discurso político, pois não acredito muito nas opções dos políticos quando abrem a boca. Quase sempre não se trata de escolhas em tipos de ações, de bens, de atividades, mas de interesses a escolher. Assim as opções políticas mascaram o que realmente significa ter pela frente três opções.

Mas vamos ver essa possibilidade de ter três opções. Acho muito! Muito mesmo! Penso que a realidade não é assim tão generosa com a maioria da população. Geralmente o leque de opções é quase nulo. Pega-se o que aparecer primeiro. E nem sempre é uma escolha, mas o que resta.
Pegar o que resta é pura covardia! É exploração simples, descarada, sem vergonha. Pegar o que resta é ser mendigo, é catar lixo na realidade, é agradecer aos céus pela sorte de ter alcançado o que resta. Nem sempre “resta um”, como no jogo. Quase sempre resta zero. Então, se achamos que ter três opções é muito pouco, imagina não ter opção nenhuma! Nem cair na sorte do “resta um”.

Oh! Meu Deus! O que me resta fazer? Esperar? Já denominaram o ato de esperar como se virtude fosse. Daí a esperança! Mas que raio de virtude é essa que me entrega à sorte dos céus? Acho que nem Deus estava sabendo dessa loucura de alguém ter três opões. Será que Jesus tinha alguma opção no caminho do calvário? Pedro queria mudar o rumo dessa prosa, mas o mestre mandou guardar a espada.

Pobre Pedro! Acreditava tanto que a espada seria uma forte opção de defesa do Mestre, dando-lhe pelo menos uma opção. Mas o Mestre desautorizou qualquer uso da violência como opção. Defesa pessoal jamais foi uma opção pela vida. É apenas adiamento da hora agá. Hoje nos salvamos, mas amanhã sem esperar chega a nossa hora. Então estamos lascados mesmos, sem opção.

A vida não é uma encruzilhada em que podemos escolher umas das três rotas nos entroncamentos. A mesma força que nos lança para frente parece tornar-se uma opção para trás. Mas eu sempre acreditei que a vida seguia em frente! Como dizia o poeta Chico Buarque: “Aí me dá uma inveja dessa gente, que vai em frente sem nem ter com quem contar”. Tadinha da gente humilde, né.

Oh! Chico, você acredita mesmo que se segue em frente? Que não se tem com quem contar é a mais pura verdade, mas tenho dúvidas dessa história de seguir em frente. Tem tantas horas que me parece retornar, não pelo mesmo caminho, mas pelo terreno minado que nossos semelhantes foram construindo para que não tivéssemos nem a opção da volta.

Fico a pensar naquele pobre pastor que resolveu sua opção de vida fundando uma Igreja. Sem terreno para construir, sem casa, sem fieis. Só a mulher e os filhos. Achou num lixão uma caixa velha de som, e foi na rua 25 de março e comprou um microfone mais barato possível. E perto de sua casa encontrou uma rua sem saída e os céus ... nem sei o que lhe disseram os céus. Mas ele chamou a mulher e os filhos e foi para o final da rua, e começou a cantar, a “profetizar”, a pregar. Curiosos foram os primeiros a aparecer. Os lascados da vida pensaram – “se fulano já está com uma Igreja, é porque essa é a nossa última opção”.
Em pouco tempo formou-se um grupo de pessoas sem esperança, lascados, curiosos, aventureiros.

Então era preciso encontrar um nome para a nova Igreja e que deveria expressar uma grande, senão a única, opção para todos aqueles desgraçados. E logo lhe veio uma forte intuição, que ele entendeu ser a voz de Deus. Sim, a voz de Deus parecia uma opção. Mas nem Deus teve opção no Calvário e agora lhe vem em auxílio?!

A sugestão de nome não poderia ser melhor: Igreja de Jesus Cristo do Beco sem Saída. Então passo a acreditar que pelo menos temos uma opção, num beco sem saída como estamos, basta apenas ouvir a voz de Deus.
Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 29/08/2021
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