Com todos e com ninguém
Sentado numa das centenas de mesas da área de alimentação vejo dezenas de outras pessoas sentadas, sozinhas, mas ocupadas. Em suas mãos pequenos aparelhos sinalizam ocupação. Estarão trabalhando? É possível.
Mas não acredito. Algumas falam gravando áudios. Outras escrevem freneticamente. Mas não estão sozinhas?
Até onde estamos sozinhos nesses mundo virtual? Tenho por posição bem radical que sem dimensão corporal não nos permite aceitar que a virtualidade substitua a corporalidade.
Sem o corpo seríamos simples fantasmas. Estamos construindo um mundo de fantasmas. Esses causam medo. Assim os outros nos ameaçam o tempo todo. Os outros nos sufocam de medo. Os outros nos matam.
A solidão dessas mesas dá a ilusão de haver companhia.
Quero o corpo do outro para tocar. Para cheirar. Para amar. Para viver. O resto é puro devaneio fantasmagorico. Mundo suicida. Morre-se só.
Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 10/09/2021
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