Mata-pau
Dizem que é nativa do Brasil,
também conhecida como gameleira.
Mas para mim é uma metáfora da sociedade brasileira.
Pessoas que germinam sobre outras pessoas,
nunca tiveram trabalho para crescer,
somente depois de grandes
colocam raízes na terra.
E engradecem-se como se fossem heróis da resistência,
mas escondem as árvores estranguladas com seus tentáculos
sufocando-as por cintamento.
O que será de nossas matas de pessoas que lutam para sobreviver
Enquanto outras vivem de suas seivas?
De seu sangue?
De seu suor?
De seu espírito?
Mata-pau pode dar até frutos bonitos e saborosos
mas em seu ventre o escatológico fede,
Os paus que matam se acham poderosos!
As matas podem acabar!
Resistem a caatinga e o serrado
pelo velho Chico abençoado.
O mata-pau terá enfim que suar a camisa
e trabalhar,
para se tornar, enfim, mata-fome.
Sem pretensão de ser caviar,
apenas feijão de corda e baião de dois.
A farinha socada no pilão!
A terra arada pelos bois!
O mata-pau, então, se transforma em justiça e pão.