Uma janela
Em nosso cotidiano há tantas coisas que nunca deixam de serem coisas.
São tratadas como meros objetos.
Sem vida!
Sem cor!
Sem sentido.
Mas em determinado momento um espanto pode nos tocar
e então aquela coisa ganha vida,
ganha ser,
ganha qualidade.
Torna-se algo precioso!
Algo sagrado!
E foi nesse movimento existencial,
deitado num quarto de dormir,
com olhar em horizontal
deparei-me com uma janela.
Ela deixa de ser trivial
e se torna a coisa mais bela.
Torna-se a abertura pela qual o mundo chega a mim.
Parece que o sagrado irrompe pela parede até meu ser.
E minha vontade imediata
era abrir mais seu espaço minúsculo,
para que mais de tudo entrasse em meu ser,
deitado e vivo.
Mesmo que seja o momento do opúsculo.