Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
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Os donos dos pais
Vivemos tempos invertidos onde os filhos deixam seu lugar para ocuparem o lugar dos pais, tornando-se donos de seus progenitores. Mandam e desmandam a seu bel prazer. Muitas vezes, até tratando muito mal, maltratando física e psicologicamente.
 
Não mais se restringem a prender os pais nas famosas casas de repouso ou asilos. Quem dera um lugar desse para tantos pais aprisionados e amedrontados.
 
Tomam tudo o que eles ganharam com o suor de seu trabalho e se acabam em festas e prazeres da vida. Sem nenhum remorso. Como se os pais fossem grandes otários.
 
Se deixaram bens, com sua morte é o momento de dilapidação do patrimônio familiar, com brigas que chegam às raias da justiça. Um dos campos de maior demanda no meio jurídico é o de herança. Como herdeiros brigam. Eram donos dos pais, e agora se matam pelo pouco que lhes restou.
 
Quando não estão mortos, os pais ficam sempre aguardando a boa vontade de seus reis e príncipes, criados nababescamente, para levarem pelo menos ao médico. Até o cuidado nos momentos de dor e doença dependem da boa vontade de seus donos, verdadeiros patrões.
 
E quando ousam sinalizar o desejo para dar um pequeno passeio de carro, todas as possibilidades ficam indisponíveis, pois não há tempo na vida desses pequenos reis. Mesmo que o carro não seja deles, os pobres pais não podem disponibilizar para um pequeno passeio para aliviar a solidão da velhice.
 
Mas velhice! Eles não são velhos, mas foram envelhecidos pelos filhos. Envelhecidos e incapacitados! Essa é a mais pura verdade. Assim fica mais fácil a apropriação dos pais pelos filhos.
 
É muito interessante como os filhos aos poucos vão envelhecendo os pais. E chega o momento que só resta mesmo a interdição, pois já foram totalmente incapacitados.
 
Enfim, o mundo atual dessa humanidade criou filhos pervertidos. São perversos, sem pena, sem consciência pesada. São perversos porque precisam descartar o quanto antes seus progenitores. Foda-se a moral. Foda-se a religião. Foda-se o mundo.
 
A sede de domínio ultrapassa qualquer moral, qualquer dogma de fé. O domínio é coisa do demônio que se instalou na educação dessa geração de seres perversos.
 
O castigo virá sob a forma de conflito! Então fica a autodestruição. Nem filhos querem ter para não correrem o risco de serem dominados depois. Com sua morte, os donos do mundo se acabam definitivamente no caixão. Nada mais continua. Tudo está consumado.
Requiem! 
Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 14/10/2021
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