Há muito tempo venho sentindo náuseas
que nem consigo identificar.
São náuseas de verdade!
Quase me levam a vomitar.
Hoje acordei querendo a liberdade,
de não querer sentir esse desgosto insolúvel.
Sem querer ser volúvel,
com os pés no chão,
só pude me ver querendo outro mundo.
Uma espécie de fuga.
Se tudo me parece imundo,
em qualquer lugar onde me encontro,
quem sabe, muito além,
conseguirei me salvar do vômito
e do desejo de sumir.
Hoje chegou de maneira bem clara
a via dessa loucura chamada política,
causa maior da minha desgraça.
Resistir?
Já não tenho mais forças.
O que me resta?
Eu que sempre trilhei o caminho da esperança,
seguindo uma estrela que brilhava no céu,
um horizonte encantado por vir.
tenho quase a certeza
que comigo tantas outras pessoas vivem vomitando.
Mas o pior ainda vem depois:
o vômito daqueles que causam náuseas.
O que será das novas gerações?
Ou reencantemos a via política
ou morreremos no desterro
da vida enojada,
do dia nublado,
da noite de insônia,
do país dilapidado.