Ao saber da eleição de Gilberto Gil
e Fernanda Montenegro
para cadeiras na Academia Brasileira de Letras,
penso que em cada autor
quase sempre anônimo,
simples e fiel a si mesmo.
Quem não gostaria
de ser também imortal?
Talvez alguns desejam até inconscientemente.
Nisso não há nenhum pecado.
Nas letras tantos encontraram a salvação
nos tempos de pandemia
com tantas mortes.
Alguns tripudiaram a morte.
Outros jamais hão de querer morrer de graça.
Um livro ou um poema,
uma música ou uma cena de teatro,
é nas letras que nos tornamos
um pouco mais do que somos,
atravessando mais tempo que esperamos.
A morte seria apenas um evento.
O que importa mesmo é o que somos
e o que deixamos nesse mundo.
Pouco importa
se for numa cadeira literária
ou apenas num pensamento
registrado em algum guardanapo,
ou num caderno chique.
A imortalidade literária
é muito mais que uma honraria.
É gratidão com o mundo que nos permitiu viver!
É a comunhão eterna
entre vivos e mortos.
Então a imortalidade
torna-se a própria eternidade.