Andei por tantos caminhos,
Estradas empoeiradas,
Em velocidades de todo tipo.
Passei por tantas igrejas,
Tantas capelinhas,
Encravadas nas pastagens
Onde até os bois e cavalos parecem querer entrar.
Encontrei capelinha que não cabia mais que cinco pessoas.
Outras aspiravam a serem consideradas catedrais.
De uma especialmente não esqueço
Pois ficava ao lado de um campo de futebol.
Antes era preciso rezar
Para depois cair na diversão gratuita e sadia.
Mesmo sob o olhar da santa,
Depois de tanta oração
A garotada não refrescava as disputas de bola
E tantas vezes nem juiz resolvia a pendenga.
Era no braço mesmo que se encontrava a solução.
E ali naquele cantinho
Onde a santa recebia as primeiras devoções
Bem perto de uma estação de ferro,
Os homens passaram a se encontrar e rezar.
O campo de futebol tornou-se estacionamento
E a capelinha deu lugar a um santuário,
Mas ainda resiste
Para mostrar para a posteridade
Que o caminho da fé
Começa como trilha pequena
E assim pode permanecer para sempre
Ou transformar-se num centro de romarias.
Não se mede a força da fé pelo tamanho das orações
Ou das capelinhas
De minha parte,
Permaneço no cantinho recolhido
Sem barulho e sem plateia.
Quero apenas que a mesma santa
Continue a me olhar e me perdoar.
E caso não possa fazer isso,
Que faça uma mediação com seu Filho.
Por que quero continuar na festa
Tomando vinho
E vivendo a alegria da vida.