Confesso:
Sou um moribundo!
A toda hora me vem fome!
Parece que nasci com fome.
Farinha com feijão
sempre foi meu mata fome.
Podia ser também farinha com café.
Da mãe vinha tamanha fé
que me fazia estar num banquete.
A fome nunca parecia ser saciada.
Nunca entendi dessa coisa
que mói o estômago.
Quem nunca sentiu fome
Jamais entenderá o que sente um faminto.
Mas hoje o que sinto?
Lutei tanto para saciar o estômago.
Em vão!
A fome de comida vai além do estômago moído,
da carne dividida em muitas partes
pois havia mais famintos naquele casebre.
Hoje estou morrendo de fome,
O que fica moído?
É o estômago mental.
Sinto fome das letras.
Luto para me saciar.
Até quando?
A salvação das letras
vai ultrapassar meus dias.
Somente elas serão imortais.
Que eu viva em sua companhia
e assim possa me alimentar a cada dia
nesse recanto imortal.