Nas letras das músicas
de um passado bem recente
essa era a expressão mais presente
que demonstrava a força de uma relação.
Quem foi adolescente nessa época
há de confessar
como era bom ler e reler
textos cada um mais lindo que outro.
Guardados em cofres secretos!
Eram verdadeiros documentos do coração,
mesmo que fossem a partilha final
de uma relação desfeita.
Era preciso que ninguém descobrisse,
mesmo que fosse um amor às claras.
Mas havia paixões escondidas,
secretas,
e essas nem o carteiro entregando podia ser visto.
Pareciam ridículas!
“Porém não tive coragem de abrir a mensagem”,
pois também tantas cartas chegavam para por fim,
um ponto final.
Talvez essas lembranças sejam de um mundo que acabou.
Sem cartas e sem mensagem
pode ser que se viva num deserto sem linguagem.
Sem vida!
Sem mistério!
Se as cartas de amor eram ridículas,
mais ridículo ainda é o mundo
que acha que a outra pessoa deva adivinhar
cada parte de seu sentimento.
Parece-me que vivemos cada vez mais
na penúria do amor,
na solidão dos olhares
que dizem tudo, e nada.
E escorre para os mares
onde tudo vira onda,
vira moda.
Líquido.