Pouco se leva a sério esse momento!
Como estamos num tempo
em que falar de Bíblia virou moda política,
ali recorro para pensar naquele instante
em que aquele casal
decidiu tentar a primeira vez
comendo daquela fruta proibida.
Ali se contaminou toda a humanidade
e aquela queda passou a pertencer a cada um de nós.
Não adianta condenar Adão ou Eva,
pois na primeira vez de qualquer ação
se lança a repetição,
nossa perdição.
Trair o outro pela primeira vez
não é coisa banal.
Cometer um ato de violência com o outro
tornar-se-á natural
daí em diante.
Homem que bate na mulher a primeira vez
pode esperar surra cada vez maior,
ee se tiver sorte
evitará a própria morte.
A segunda vez de qualquer ação
é infinitamente mais fácil que a primeira.
O interdito divino não falhou!
Doravante comerás do pão suado
fruto do trabalho pesado!
E a salvação?
O caminho para todo tipo de bem
deveria estar sempre aberto e disponível.
A humanidade demandará cada vez mais
de boas ações,
pois a repetição daquelas ruins
fatalmente nos levará a autodestruição.
Então nossa história será sempre
essa luta contra a possibilidade
das segundas, das terceiras,
das infinitas vezes.