Não é possível passar esse tempo
sem pensar nesse limite,
que para muitos é o término físico da vida
quando deveria ser tão somente um fenômeno
da própria existência.
Contudo a morte nos tira da vivência cotidiana,
das ocupações que tomam conta da vida.
A pandemia por um lado trivializou a morte,
sendo até tripudiada pelos governantes.
Contudo, ela bateu forte em tantas pessoas.
Algumas perderam seu próprio cordão umbilical,
com o enterro da própria mãe.
Outros perderam muito mais.
Mãe e duas avós: Três grandes mães!
Sim! Não podemos simplificar o lugar ocupado pelas avós.
Tem-se a impressão que Deus multiplicou por três
o que havia de melhor na criação: a maternidade.
Por isso a morte das três não é algo banal,
Natural.
Não há naturalidade na morte provocada pela Covid,
apenas os ignorantes e rudes defendem essa via sem coração.
São corações de pedra.
Negaram a própria origem materna.
Sucumbiram no seu trajeto de serem filhos.
Tornaram-se bastardos da vida.
A morte da mãe representa a perda do amparo,
daquele útero que se prolongou pela vida,
apesar de todos os cortes.
Então habitar a morte da mãe
é torná-la um pouco mais viva
mesmo na dor.
É fazer justiça à vida
e não chorar a morte,
pois somente assim nos colocamos
num face a face com o infinito.