Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
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O dia em que um morador de rua entrou numa igreja

Tudo arrumado para a grande celebração,

rigorosamente preparada pela equipe de liturgia.

Ainda era dia.

Então o celebrante chega ao altar

e inicia aquela grande oração

na forma de eucaristia.

 

Um ser humano descalço,

sem camisa e muito sujo,

cabelos desalinhados e grandes,

segurando um pote com comida,

entra naquele espaço sagrado.

 

Por que deixaram aquele “bicho” adentrar?

Alguns pensavam em seus corações contritos,

mas não tiveram coragem de brecar o caminhante.

Aquele ser errante

andando firme em direção ao altar

e todos os orantes olhando sem piscar.

Vai ver que merda teremos!

 

Eis que aquele homem "herege",

que se aventurou a pisar o solo sagrado,

posta-se diante de altar de joelhos.

Todos os orantes atônitos!

Tantos pensavam: isso vai dar “merda”!

Onde já se viu isso?

 

E do seu alto posto no altar

o celebrante caminha até aquele mendigo,

ajoelha-se e inicia um longo diálogo.

Celebração parada e todos em silêncio.

Grande momento de pura contemplação.

Mas também de medo.

E aquele "herege" pede uma simples bênção

e que o padre reze por ele.

 

Logo a notícia se espalhou

pela cidade e por todos os lugares.

Era algo tão raro, parece,

que até o padre ficou espantado

com tamanha notoriedade.

Talvez seja esse gesto

o melhor presente de Natal que se poderia dar

para aquela comunidade cristã:

Gesto concreto de pura misericórdia.

 

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 14/12/2021
Alterado em 16/12/2021
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