Fixar moradia, desafio de tantos,
num lugar com nome bem marcante,
sem saber que ali difícil era produzir esse cereal
presente em seu nome.
Morro do Feijão que não tem feijão!
Todas as matas foram derrubadas e queimadas,
os morros desnudos,
apenas o vermelho do barro marcando o cenário triste.
Na escola, vergonha de dizer que morava nesse lugar,
pois da primeira vez que proferi esse nome,
logo um apelido odiado – ‘fezãozinho”.
O sofrimento não se reduzia em morar naquela terra
que produzia pouca coisa.
Difícil era reconhecer-se como habitante do Morro do Feijão.
Da vergonha de um passado sofrido,
ao orgulho de ali ter vivido.
se feijão não existia,
pelo menos dessa terra
fui tirando o humus que motivou meu estudo.
Hoje me reconcilio com uma terra tão preciosa,
que posso ouvir ainda seu grito de dor.
Seus olhos d’água secaram!
Suas lágrimas desapareceram na ganância.
Celebrar a sua memória em forma de poema,
é uma forma de eternizar esse existir.