Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
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Adeus

Apenas duas sílabas para expressar uma atitude das mais duras e difíceis. Teria sido melhor apenas o abandono? Ou o afastamento asfixiante até definhar a vida que um dia correu plena entre duas pessoas?

 

O adeus tem seus mistérios. Para uns pode ser o sinal de que era possível, mas as vontades não mais se encaixaram. Então, estou desistindo. Que terrível fracasso é o desistir!

 

Como dizer adeus? Não tem receita, apenas é preciso ter coragem. É preciso ter força. No adeus morremos um pouco, ou até muito. A ferida fica exposta, e uma sensação de liberdade mesmo tênue mas desejosa. As lágrimas molham o rosto escondido. Não se pode mostrar a covardia. A lágrima é o último grito da alma carente.

 

Cada um carrega as marcas das despedidas doidas. Nem se contabiliza. Aconteceram. O adeus precisa permitir a vida que resta dos corações partidos. Tudo parece se acabar. No adeus nos entregamos ao vazio, ao nada. Casa desmoronada. Caminho interrompido.

 

Podíamos tecer as nossas vidas sem adeus. Esse me parece ser o desejo mais sincero em toda relação iniciada. Será que há alguém que nunca viveu um adeus?

 

De tantos adeus concretos nossas vidas resistem no desejo do encontro. Somos seres do encontro. Isso nos move e nos faz sobreviver. Por que morri em ti, hei de ressuscitar em outra pessoa, ou em mim mesmo. Só não nos é permitido dizermos adeus para nós mesmos, pois acabaríamos com as possibilidades do encontro.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 15/01/2022
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