De uma margem de um rio,
Como chegar ao outro lado?
A outra margem nos atrai tanto
Que ao longo da vida sempre nos colocamos
A encontrar um caminho para atingir esse lugar.
Que mistério há em passar para o outro lado?
Nem sempre nadando seja possível.
Pode ser perigoso!
Do lado de lá algo nos puxa.
Estaria lá a fruta proibida do paraíso¿
Então o homem inventa o meio,
Que deve ficar exatamente no meio,
Que nos permite alcançar aquele fim.
A margem parece sempre estar no fim.
Com a ponte nos colocamos de pé
No meio e não no fim.
Pode-se dormir nas margens,
Jamais no meio.
Talvez sejamos mais marginais
Que imaginávamos!
E nos pomos a derrubar as pontes
O impedir sua construção.
Estar no meio, na ponte,
É poder contemplar os dois lados
Marginais mesmo assim.
Sob nossos pés o grande rio,
De verdade ou da pura imaginação.
A ponte, então, me eleva da correnteza
E abre o horizonte da contemplação.
Da ponte podemos mergulhar
Naquele rio que corre entre as margens.
E deixar-nos levar no leito da vida.