Edebrande Cavalieri
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Restauração católica

 

O conceito teológico de “restauração” é bíblico como descrito em Atos 3, 19): No entanto, é necessário que o céu o receba, até que se cumpra o tempo da restauração de todas as coisas, conforme disse Deus nos tempos passados pela boca de seus santos profetas. Esse conceito em grego é apokatastaseos significando a cura ou restauração da pele de Moisés (Ex 4, 7), também significando exilados de Israel como restaurados, como retorno à terra, a restituição dos territórios e o restabelecimento da justiça (Jr 16, 15; Os 11, 11; Am 5, 15). No Novo Testamento, associa-se às palavras de Jesus ligando o ministério de João Batista ao de Elias como aquele que primeiro vem pra “restaurar todas as coisas” (Mc 9, 12). E por fim, no monte das oliveiras, os discípulos perguntam às vésperas da ascensão de Jesus se naquele momento ele “restauraria” o Reino de Israel (At 1, 6).

 

Em História da Igreja este conceito ganha outra conotação, referindo-se a um conjunto de medidas que reforçam a centralidade romana em detrimento da presença diversificada no mundo. Essas medidas podem ser a nomeação de bispos alinhados a uma determinada concepção eclesiológica, ou a adoção do Código de Direito Canônico como norma pastoral; ou a adoção do Catecismo da Igreja como normal doutrinal; ou o retorno do modelo de seminário exclusivo para a formação do clero nos moldes romanos; ou também a inclusão de normas litúrgicas para coibir inovações posteriores ao Concílio. São medidas que configuram uma instituição eclesiástica monolítica com centralidade no Papa e nos Padres (clericalismo), retirando a autonomia episcopal tanto na diocese como nas conferências episcopais. Neste sentido, convém denominar este modelo de “RESTAURAÇÃO IDENTITÁRIA”. Aqui está uma das grandes dificuldades para a reforma da Igreja conduzida pelo Papa Francisco. Daí o projeto de “UMA IGREJA EM SAÍDA”.

 

1.1 Antecedentes históricos da restauração

Para entendermos melhor este conceito precisamos recorrer à história moderna da igreja. Os séculos XVI e XVII foram terríveis com os estragos provocados pela Reforma Protestante. A Europa toda estava caminhando na direção dos reformadores. A Itália com sua divisão em estados independentes como os Estados Pontifícios, e a Península Ibérica ficaram firmes na fé católica e se aliaram ao Papado. Posteriormente, outros países restabeleceram acordos com o Papa e formaram alianças que governavam de modo absoluto seus países. Cresce inclusive a “TEORIA DO DIREITO DIVINO DOS REIS”.

 

Jean Bodin dizia:

“Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é necessário lembrar-se com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, de Quem ele é a imagem na terra”.

 

Outro teórico da teoria do direito divino dos reis, Jacques Bossuet , dizia:

“O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus (...). Os reis são deus e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição”.

 

Assim, a descoberta da América com a colonização executada pelos espanhóis e português transplanta aqui um modelo de Igreja atrelado ao Estado. O Padroado se impõe como direito dos monarcas de administrarem os negócios eclesiásticos. Forma-se então uma grande cristandade. E nesse ambiente não haveria nenhuma possibilidade da entrada de protestantes ou pessoas não religiosas. Os próprios escravos eram batizados ainda no porto ao desembarcar.

 

Esta modelo ganha forma nos regimes absolutos como a França, e o Alto Clero compunha o primeiro Estado, sendo o segundo a Nobreza e o terceiro estado o povo com a burguesia. É muito significativo o fato de o rei Luis XIV chamar-se de “Rei Sol”. Mas em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX um conjunto de transformações políticas, culturais e sociais vão moldando a Igreja até os dias atuais.

 

Na transição dos séculos XVIII-XIX, a sociedade europeia entra no enorme palco de transformações impulsionado pelas revoluções iluminista (pensamento), francesa (social burguesa) e industrial (econômica capitalista). O iluminismo, no “século das luzes” (XVIII), rompe com o determinismo religioso, imprime força incondicional na ação crítica da razão, questiona a obediência submissa, organiza o saber criando métodos de pesquisa, critica autoridade e poder. Suas críticas não pouparam a Igreja católica: abismo social entre alto e baixo clero, indiferença diante das dificuldades do povo. A revolução social francesa afetou todo o Ocidente, deixando profundas marcas no catolicismo. A luta está alicerçada nos resultados da sociedade medieval (clero, nobreza, artesãos) e a sociedade industrial (burguesia e trabalhadores). A revolução econômica provoca mudanças no sistema de produção, o capitalismo explora as riquezas naturais, se beneficia do avanço científico, mas o progresso porta consigo consequências gravíssimas para a sociedade. Dentre elas, a exploração humana: longas jornadas de trabalho, êxodo rural, fim dos artesãos, divisão social do trabalho, concentrações urbanas, precariedade nas condições de vida, prostituição, alcoolismo, criminalidade, epidemias e uma imensidão de despossuídos.

 

1.2 A Revolução Francesa e seu legado

A grande revolução que acontece no pensamento se apresenta como ilustração, iluminismo, enciclopedismo, racionalismo, liberalismo, evolucionismo e socialismo. A Revolução Francesa que se inicia em 14 de julho de 1789 com a tomada da Bastilha implanta na França os resultados práticos com a queda da monarquia absoluta e a guilhotina do Rei Luís XVI. Em dez anos de revolução, uma nova ordem política se implanta. O poder político rompe as relações com a Igreja e o costume do Papa coroar os imperadores fracassa por ocasião da coroação de Napoleão Bonaparte, que toma a coroa e se auto coroa. O paradigma do monarca absoluto com o povo a seus pés chega ao fim. Encerra-se assim a ideia do rei como representante de Deus na terra.

 

O século XIX inicia, para a Igreja, com um novo pontificado, Pio VII (1800-1823). Após várias tratativas, o papa assina, juntamente com Napoleão, a Concordata (1801). O documento é uma tentativa de recuperar as relações diplomáticas entre ambos Estados. Assim, a Igreja renunciava aos bens expropriados e aceitava que a remuneração do clero fosse efetuada pelo Estado francês. Bonaparte, secretamente, acrescentou à Concordata 77 ‘artigos orgânicos’, que aboliam em parte as conquistas da mesma. O protesto do papa não surtiu efeito, e Pio VII ainda sofreria outras humilhações por parte de Napoleão, que em 1808 ordenou a ocupação de Roma e do Estado Pontifício. O papa excomunga Napoleão e este faz Pio VII prisioneiro em Fontainebleau, sendo pressionado a abdicar o Estado Pontifício. Com a queda de Napoleão, na sequência da campanha da Rússia (1812) e da batalha de Leipzig (1813), e de tropas aliadas terem invadido Paris (1814), a reordenação da Europa pode ser empreendida pelo Congresso de Viena (1814-1815).

 

No início do século XIX, o papado parecia atravessar um dos momentos mais difíceis da era moderna. Pio VI havia morrido (1799) só e abandonado, prisioneiro da Revolução francesa. O episcopalismo parecia que triunfaria, sendo o sistema papal e a infalibilidade, segundo alguns autores alemães e franceses, questões antiquadas e sem importância histórica. Nenhum outro acontecimento histórico contribuiu tanto para o triunfo do papado no Vaticano I (1869-70) como a Revolução francesa. Com Pio VII realiza-se a reorganização da Igreja francesa (1801), e 36 bispos que viviam fora da França foram depostos, demonstrando, apesar de tudo, que o papado possuía poder. Este foi um passo para o ultramontanismo .

 

1.4 Crise na cristandade e a separação da Igreja do Estado

Fim da era em que Igreja e Império, de mãos dadas, aliados no mesmo objetivo, exercem a tutela rígida nos negócios temporais e espirituais. A população nas ruas gritando “liberdade, igualdade e fraternidade”. A CRISTANDADE entra em crise. Por ela, nascia-se numa sociedade cristã e tornava-se cristão, sem livre escolha. Todos tinham sua presença e função legitimadas pela SACRALIDADE. A condução da sociedade – economia, artes, ciências, taxas diversas inclusive os juros – era de natureza sacra. Vive-se numa sociedade essencialmente religiosa. As autoridades civis deveriam ser investidos religiosamente. Todo poder sobre a sociedade civil emanava de Deus. Os dois mundos – laico e religioso – se fundiam.

 

Cristandade: Nos casos extremos do regime de concordata e mais ainda no regime de padroado, a autoridade laica exercia também o poder sobre a administração interna da igreja. No regime de padroado o monarca ou o príncipe era também o chefe da Igreja nos territórios sob sua jurisdição. Cabia-lhe escolher e nomear bispos e párocos, regulamentar matrimônios, criar dioceses, paróquias, capelas e capelanias, legislar sobre cemitérios, vigiar a disciplina eclesiástica, cobrar dízimos. Consagrara-se o princípio de que o príncipe determinava qual a religião a ser adotada em seus territórios. No regime de concordata não cabia automaticamente à autoridade civil poder sobre a Igreja nos territórios sob sua jurisdição. Ideia de conversão: Reclamava-se para o indivíduo o direito de converter-se ao protestantismo, ao calvinismo, ao catolicismo ou até converter-se ao agnosticismo, ao ateísmo, ao anticlericalismo. No regime de padroado ou no regime de cristandade “converter-se” a uma outra confissão religiosa significava, até certo ponto, abdicar ou renegar a cidadania.

 

Na Cristandade a pessoa era religiosa, professava uma confissão religiosa por imposição do território em que nasceu. Na nova ordem a LIBERDADE para converter-se era garantida a todos. Outra ideia que rompe a cristandade é conceito de IGUALDADE. A igualdade, outro princípio básico da nova ordem, colocava a todos os adeptos dos credos e filiações confessionais mais diversas, como detentores dos mesmos direitos e deveres básicos. FRATERNIDADE - Como ideal nas relações humanas estabelecia-se o convívio fraterno, no qual a consciência das próprias obrigações, o respeito para com os outros, o reconhecimento e a aceitação das diferenças, garantiriam a atmosfera necessária para que o convívio humano pudesse prosperar.

 

Como ficaria a Igreja neste novo contexto? Junto com o Romantismo, a RESTAURAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA seguiu caminho oposto aos ideais da Revolução Francesa.

 

O desmonte sistemático dos regimes de direito divino é complementado pelo ocaso dos regimes de padroado e pelos regimes de cristandade. Segue, como consequência inevitável, a separação do Estado e da Igreja, a laicização da vida civil, a secularização da vida cotidiana. As soluções para as questões do homem e do mundo são procuradas na razão e na ciência. A consagração pelo Estado do princípio de que todos e tudo, também as religiões, são iguais perante a lei, a liberdade de consciência, a liberdade de expressão, confinou a Igreja no seu campo de competência específico: questões de fé, de culto e disciplina religiosa.

 

1.4 Restauração católica no Brasil

No Brasil, a restauração traz como ideias-chave na década de 20:

a) criação de uma ordem política e social fundamentada nos princípios cristãos; não é um modelo de ruptura com o movimento iniciado no século XIX denominado de romanização do catolicismo brasileiro, pois continua a ênfase na necessidade de melhor formação do clero e instrução religiosa do povo, bem como da apologética em relação à maçonaria, ao espiritismo e ao protestantismo e da mentalidade conservadora em relação aos problemas políticos e sociais;

b) consciência da necessidade de uma presença mais efetiva da Igreja na sociedade, criando uma sociedade que respeite os valores tradicionais do catolicismo (princípios morais, religiosos e sociais apoiados por valores de ordem e de autoridade); luta dos bispos para reconquistar uma série de direitos, privilégios e regalias típicas do período do padroado na área da família e da escola – indissolubilidade do matrimônio e ensino da religião católica;

c) disposição de maior colaboração com o governo, isto é, um acordo de colaboração com o Estado a fim de defenderem interesses e metas comuns; a atitude do episcopado não é reacionária – volta ao passado monárquico -, mas conservadora;

d) a restauração que se inicia na década de 20, continua dos decênios posteriores, lutando contra o divórcio e em favor do ensino religioso nas escolas.

 

Tem como principais diretrizes de ação;

a) superação do laicismo que havia caracterizado a primeira República, imprimindo na nova fase política iniciada com a Revolução de 30 um cunho marcadamente católica;

b) prevenção rígida contra o avanço das ideias socialistas e comunistas no Brasil, mobilizando a opinião pública para isto;

c) fortalecimento do princípio de autoridade em contraposição aos movimentos de cunho mais liberal ou socializante;

d) reafirmação de uma presença mais explícita da Igreja na sociedade, principalmente junto às camadas dirigentes.

 

No contexto mundial, o estado laico evocou a si a educação dos cidadãos, a legitimação dos matrimônios, a administração dos cemitérios. Nas suas decisões ignora e hostiliza a Igreja. Em não poucos casos, o Estado se organiza e age aberta e declaradamente contra a Igreja, quando não a persegue. O anticlericalismo, o agnosticismo, o ateísmo marcam as elites dirigentes.

 

1.5 O projeto de Restauração Católica

Igreja foi obrigada a repensar o seu lugar no cenário histórico mundial e, de alguma forma, assegurar o espaço que lhe é privativo. A saída que encontrou caracteriza-se por um retorno à concepção da mística eclesiástica da Idade Média e da ortodoxia doutrinária, litúrgica e disciplinar do Concílio de Trento. A Igreja começa a pôr em marcha o projeto da “Restauração Católica”, como resposta à laicização e à secularização da sociedade civil e, também, como forma de garantir o seu espaço no cenário dos povos.

 

No Brasil, a Carta Pastoral de 1931 expressa muito bem a luta contra o laicismo: “a nação reclama direitos divinos”, “é preciso que Cristo seja reintegrado nas instituições da nova República brasileira... a nova constituição brasileira não pode prescindir de Deus. A negação oficial de sua existência é a destruição da firmeza social e o aniquilamento da coluna mais forte da autoridade pública...pois, quem não reconhece a existência de Deus nega implicitamente a origem divina da autoridade humana e do poder público. A voz do tempo é a voz de Deus... Por isso, na organização da família deverão ser observadas as leis divinas...A gloriosa imagem de Cristo, símbolo máximo da justiça e do direito, deverá figurar nos tribunais; aos soldados nos quartéis há de ser ministrado o ensino religioso, para que os pais não tenham que temer que seus filhos, no serviço da nação, percam a virtude e a fé”.

 

O Concílio Vaticano I é o desfecho final, e o Papa Pio IX conduz a restauração. Os padres conciliares, sob a orientação de Pio IX, empenharam-se em afirmar e a reafirmar as linhas doutrinárias e as diretrizes disciplinares, tomando como referência principal o Concílio de Trento. A Restauração Católica nada mais é do que a reforma da Igreja nas bases doutrinárias e disciplinares que as circunstâncias dos tempos impuseram. A Restauração Católica fundamenta-se no retorno ao catolicismo tridentino. O Ultramontanismo – além das montanhas - referindo-se aos teólogos, ao clero, aos religiosos e ao povo em geral, que combatia o galicismo dos católicos franceses que defendiam uma composição com o poder civil. Os ultramontanos reivindicavam como autoridade máxima e única aquele que tinha sua sede “ultramontes, além das montanhas, dos Alpes”, o papa em Roma.

 

Os princípios defendidos pela Restauração Católica negavam qualquer tipo de ingerência do Estado laico nos assuntos da Igreja e, por sua vez, a Igreja devia manter-se afastada do Estado arreligioso, agnóstico ou ateu. A dinâmica da história, entretanto, não tardou em demonstrar que o poder civil e o poder religioso não podiam ignorar-se mutuamente ou simplesmente prescindir um do outro. Foi preciso encontrar uma fórmula aceitável de convivência. Esta fórmula certamente não consistia num passo para trás, retomando, ou restaurando o regime de cristandade. Os saudosistas do regime do passado somavam minoria e não havia as mínimas chances de êxito. A saída para o impasse situava-se em outro lugar: o Estado, a sociedade civil e suas autoridades, a Igreja, a sociedade religiosa e suas autoridades, tem obrigações para com os seus súditos. O Estado tem obrigação de garantir o bem-estar material do cidadão e à Igreja cabe zelar pelo bem-estar espiritual dos fiéis.

 

O programa de restauração é evidente no pontificado do papa Leão XII (1823-1829). Sua preocupação era recuperar tudo o que a secularização e a revolução haviam destruído. A intenção nunca foi a de adaptar a Igreja às exigências dos novos tempos, mas uma restauração aos tempos anteriores. Seu sucessor, Pio VIII (1829-1830), não era um papa de objetivos diferentes. Sua ação era defensiva da Igreja e da fé católica, defender dos erros daquelas doutrinas, segundo ele mentirosas e perversas, que atacavam a fé. A educação deveria estar nas mãos da religião católica. Era evidente que este pontificado ficaria numa escala de transição. A grande reviravolta viria com seu sucessor.

 

A reação agressiva da instituição católica contra a modernidade não tardaria. Gregório XVI (1831-1846), o novo papa, realizou um pontificado dentro de uma linha programática da situação cultural e política de seu tempo. A cultura era dominada pelo iluminismo, anticlericalismo, maçonaria e pelo elemento antirreligioso, enquanto na política oficial predominava a restauração. Neste contexto, o papa publica a encíclica Mirari vos (1832). Entre as temáticas tratadas, em termos duríssimos, estão as duas fontes do mal: liberdade de imprensa e o indiferentismo religioso. Na mentalidade da cristandade medieval e da sociedade perfeita reinantes, o papa não consegue constatar nenhum sinal positivo em seu tempo e, por sua vez, não identifica as situações preocupantes dentro da instituição religiosa que necessitam de transformação. A ideia de renovação da Igreja é rejeitada, considerada um ultraje. Condena as ferrovias, pontes, energia elétrica. Tudo é sinal da modernidade e, por consequência, erros que devem ser condenados. O modelo de Igreja da cristandade prevalecerá durante todo o século XIX.

 

1.6 O projeto restaurador no Brasil

No Brasil, a restauração católica se estrutura como um movimento contrário à República inicialmente e já em 1915 se estabelece uma grande cruzada nacional com a fundação de escolas católicas por todo o território e o ensino religioso em todas as escolas. Vejam como isso se apresenta na Carta Pastoral deste mesmo ano: “A Igreja Católica, por sua instituição divina, tem o direito inauferível e inalienável, independente de todo o poder humano, não só de erigir, fundar e organizar escolas par formar e educar cristãmente a infância e a juventude, segundo os princípios e preceitos do Evangelho, mas também de exigir que, em quaisquer escolas, a formação e educação da juventude católica se sujeite à sua jurisdição, e que, em nenhuma matéria ou disciplina, se ensine coisa alguma contrária à religião e à moral (PASTORAL COLETIVA DOS SENHORES ARCEBISPOS, 1915, n.112).

 

Era preciso desenvolver uma cruzada ideológica. Para isso, em maio de 1922, Jackson fundou o Centro Dom Vital, o segundo órgão que refletiria a reação da Igreja, o órgão de estratégia. O Centro Dom Vital iria reunir semanalmente a intelectualidade da Igreja com o objetivo de despertar a consciência católica adormecida e planejar o combate.

 

Outro órgão importantíssimo foi a Confederação Católica do Rio de Janeiro criada em 08 de dezembro de 1922 por Dom Leme que assim se referia: “a Confederação será um instrumento de coordenação da ação católica em todas as suas modalidades que tende a educar e formar as consciências dos católicos, de modo que, na sua vida privada e pública, possam agir sempre de conformidade com os princípios da Fé, e tende ainda a reunir para a Ação os esforços e a atividade de todos os nossos elementos aproveitáveis” (LEME, Instruções, 1922, p. 85).

 

Forma-se assim um grupo forte de intelectuais católicos que se identificam como “intelectuais orgânicos” em vista da restauração social dos valores cristãos e católicos. Diante do movimento pela liberdade como caracterizava os novos tempos, a Igreja se antepunha como um freio e um instrumento disciplinador. A romanização do catolicismo brasileiro se consolida no formato da restauração. O clero assume com maior clareza o papel de ser um educador da população brasileira, promovendo uma educação sistemática e recristianizando o povo brasileiro. Deste modo, a Igreja reencontra seu espaço de poder e de influência religiosa na vida pública. A mentalidade integrista promovia a recusa completa de qualquer sinal de modernidade no interior da Igreja e de sua doutrina. O padre Leonel Franca e Amoroso Lima fizeram um grande esforço intelectual para conduzir uma proposta de meio termo, assumindo pontos do modernismo aceitáveis na doutrina católica.

 

A Igreja Católica promoveu uma grande revolução na organização da sociedade. Assim foram criadas A União Popular em Minas Gerais, a Liga Brasileira das Senhoras Católicas¸ Aliança Feminina, Congregação Mariana, Juventude Universitária Católica e Ação Católica Brasileira. Todos esses movimentos foram controlados rigorosamente pela Igreja com a presente efetiva do clero. O Papa Pio XI tornou-se uma poderosa força propulsora para o restabelecimento do poder da Igreja abalada com a Proclamação da República. Uniu os Bispos com seus respectivos cleros e defendeu a reaproximação da Igreja ao Estado a fim de garantir mais espaço dentro da sociedade. Aumento do número de dioceses, criação de inúmeros colégios católicos, visitas pastorais intensas, fizeram com que a Igreja através do povo se reaproximasse do poder político. Por outro lado, o Estado garantia apoio e meios materiais oferecidos pelo Estado para a ação evangelizadora da Igreja. Serão os bispos que sempre irão lembrar aos governantes que não devem se afastar de Deus e o meio concreto para isso será a reaproximação com a Igreja. Estado e Igreja unem-se então novamente em vista do projeto de restauração da ordem social cristã. Era urgente uma regeneração completa da sociedade.

 

A Festa de Cristo-Rei se insere neste contexto, instituída em 1925, para significar a realeza social de Cristo. Por isso, a ação pastoral consistia em instaurar e dilatar o reinado de Cristo. Serve assim para valorizar o terreno social como ponto de partida para a reconstrução da cristandade novamente. Pio XI entendia que assim se salvaguardaria e se estabeleceria a paz em nível mundial. Seu lema de pontificado era Pax Christi in Regno Christi. Fundamenta-se o poder na perspectiva de um catolicismo integral promovendo a erradicação da noção de separação do Estado e da Igreja. Até a declaração em 1930 de Nossa Senhor da Aparecida como padroeira do Brasil não escapa ao projeto de restauração.

 

1.7 Fundamentalismo e restauração

A perspectiva restauracionista se desenvolveu ao longo dos tempos e hoje se apresenta como fundamentalismo. Esse termo é usado para designar atitude militante e fanática, de reação aos valores da modernidade e refúgio em verdades tradicionais tidas como absolutas. Chega ao ponto de se tornar uma atitude autoritária e separatista. Une religião e política de maneira semelhante aos inícios dos tempos restaurados. A religião confessada se baseia num literalismo na interpretação da religião e dos textos sagrados. Em filosofia o que se admite é uma espécie de filosofia do senso comum, que dispensa a reflexão e a crítica, consideradas inimigas e atéias. Investe maciçamente no uso dos modernos meios de comunicação de massa para veicular todo tipo de informação, especialmente nos dias de hoje chamados de “pós-verdade” as fake News. Segundo Panasiewicz, “nas últimas décadas, o movimento fundamentalista tem articulado religião e política como uma forma de fazer valer os valores cristãos a partir de sua concepção teológica. É dessa maneira que é possível compreender a sua forma mais atual: o neofundamentalismo”.

 

No meio católico a atitude fundamentalista é também conhecida como integrista, integralista ou movimento de restauração. De maneira bem clara, no século XIX a Igreja adota uma postura fundamentalista que é contrária à modernidade cultural e ao liberalismo. A condenação do modernismo feita pelo Papa Pio IX em 1864 com a bula Syllabus e consistia na condenação das teses do liberalismo como a ideia de progresso da ciência e da civilização. Este documento se completa com a publicação da encíclica Pascendi dominici gregis pelo papa Pio X. Cresce o movimento conservador e as condenações aos teólogos críticos. Neste contexto a Igreja investe na implantação do Ensino Religioso nas escolas como forma de controle ideológico das escolas e investe na criação de escolas católicas de ensino fundamental e médio e universidades católicas, mais conhecidas como PUCs. Assim, a Igreja contribuiu muito na luta contra a laicização da sociedade.

 

Somente com o Concílio Vaticano II é que a Igreja supera a fase das condenações modernistas do século anterior. Contudo, alguns de seus representantes oficiais reagem provocando um verdadeiro cisma no interior da Igreja católica. É o caso do Cardeal Lefèbvre. Era previsível uma reação contra a ideia de uma Igreja “Povo de Deus”, consciente, dinâmica e que vive em uma história. As inovações teológicas, especialmente as litúrgicas e a relação da Igreja com o mundo externo foram objeto de resistências até os dias atuais. Esse cardeal fundou em 1971 a Fraternidade Sacerdotal São Pio X com sede na Suiça, provocando o cisma na Igreja Católica. No brasil, temos o bispo de Campos, Dom Antônio de Castro Mayer, e o bispo de Diamantina, Minas Gerais, Dom Sigaud, seguem esta mesma trilha aberta por Lefèbvre. Dois movimentos que também irão reagir contra as inovações desse concílio, embora sem sair da igreja, são a „Opus Dei‟, de origem espanhola, e a “Comunione e Liberazione‟, de origem italiana. “Em termos de política eclesiástica, essas correntes seguem uma orientação papista e extremamente tradicionalista e devem a sua forma atual em grande parte à luta contra as inovações promovidas pelo Segundo Concílio Vaticano.”21 Nos Estados Unidos surge, em 1965, o movimento Catholic Traditionalist Movement (Movimento Católico Tradicionalista), fundado pelo padre De Pauw, e em 1973 o Orthodox Roman Catholic Movement (Movimento Ortodoxo Católico Romano), fundado pelo padre Francis Fenton. Ambos críticos às inovações do Concílio, porém o segundo possuía caráter radical. “Francis Fenton acusa os bispos favoráveis ao Concílio Vaticano II de serem “comunistas e maçônicos‟.”

 

Conforme o teólogo Claude Geffré, a diferença entre o fundamentalismo centrado nas Escrituras (tanto protestante quanto uma ala católica) e o integrismo é que, “no caso do fundamentalismo escriturístico, haverá uma certa sacralização da letra da Escritura como testemunha fiel da Palavra de Deus; no caso do integralismo doutrinal haverá uma quase sacralização da tradição dogmática da Igreja e uma recusa do que o Vaticano II chamava hierarquia das verdades.

 

O fundamentalismo se caracteriza como uma tendência a voltar aos princípios fundamentais de uma tradição exaltada e defendida como “sagrada” e intocável, e reinterpretada em termos literais e absolutos. Sua origem está em primeiro lugar nas próprias pessoas que nos momentos de incertezas se agarram onde conseguem. Alguns chamam de “delírio dos amedrontados”. O teólogo Reinhold Niebuhr afirmou: “(…) os homens insistem com maior relevância sobre suas certezas quando sua segurança a respeito delas foi abalada. A ortodoxia exacerbada é um método para ocultar a dúvida”. Manifesta-se assim com comportamentos intransigentes, de intolerância, de autoritarismo, chegando até à imposição violenta do próprio ponto de vista.

 

O fundamentalismo também tem suas origens como movimento cultural onde grupos organizados se unem na defesa do que eles consideram como “valores sagrados inquestionáveis” ou “sagrados fundamentos”. O lado mais sombrio deste movimento é quando os grupos adquirem poder político e não apenas defendem suas convicções culturais. Com o poder político nas mãos possuem concretamente a capacidade e os meios para ameaçar, coagir, perseguir e impor suas convicções, até com o uso da violência. O poder político se materializa através da classe mais rica e conservadora que põe seu prestígio, dinheiro e instituições a serviço do fortalecimento dessa cultura reacionária. Muitas vezes, o próprio Estado é utilizado como instrumento para a imposição desta cultura através das leis e dos mecanismos de repressão e autoritarismo. Portanto, o fundamentalismo se apresenta de maneira tridimensional: é pessoal, é social e é político. A maior consequência disso é a derrubada dos valores que a modernidade nos legou e entre eles o valor da democracia e da convivência democrática.

 

A origem do fundamentalismo contemporâneo está nos EUA no período entre 1910 e 1925. Atinge desde o início não apenas o protestantismo, mas também o judaísmo,o catolicismo, o islamismo, o hinduísmo e o sikhismo. Sua formulação histórica no ocidente situa-se no seio do cristianismo. É uma reação à Modernidade, especialmente expresso no naturalismo científico, no racionalismo moral e na democracia política.

 

Cinco verdades foram consideradas “the fundamentals”: 1) a inspiração e consequente infalibilidade e inerrância das Escrituras; 2) a divindade de Cristo; 3) o nascimento virginal de Cristo e seus milagres; 4) o sacrifício propiciatório de Cristo; 5) a ressurreição de Cristo, compreendida de maneira literal e física, e seu retorno. Naturalmente, por isso, rejeita-se qualquer contribuição da Crítica Bíblica (o método chamado de Histórico-Crítico), assim como a própria Exegese bíblica, o exercício da Hermenêutica e da reflexão teológica, acusada de “liberal”.

 

Defende cinco princípios: a inerrância absoluta do conteúdo do livro sagrado; a a-historicidade da verdade e do texto que a conserva; a crença de que é possível deduzir do texto sagrado um modelo integral de sociedade perfeita; a referência a um princípio absoluto que leva a imaginar a possibilidade de imaginar a “cidade terrena” sobre o modelo ideal de sociedade apresentada no livro sagrado, naturalmente lido de maneira superficial, a-histórica e idealista.

 

Quatro elementos fundamentais são subjacentes a todas as listas de “fundamentos”: 1. a inerrância; 2. a a-historicidade; 3. a superioridade, pois a lei divina está acima de tudo; 4. O primado do mito da fundação da identidade que funda a missão dos crentes em torno de um sistema (de crenças) capaz de reproduzir na “cidade terrena” o modelo de sociedade proposto no livro sagrado.

 

O “movimento” tomou forma nos Estados Unidos no fim do século XIX, em torno de 1890, em oposição a chamada Teologia Liberal. É nesse clima do século XIX que nascem os Mórmons, os Adventistas e as Testemunhas de Jeová, reflexo da crise, com ênfase no literalismo bíblico, na intransigência quanto à religião, na expectativa da volta de Cristo para breve – sintomas da situação de insegurança e incerteza de milhões de norte-americanos pobres imigrantes e explorados… Como explicar essa onda que desde então tem sido avassaladora? Basta pensar no que se dá hoje em dia nas chamadas igrejas pentecostais e mais ainda nas pós-pentecostais, e em setores expressivos do próprio Protestantismo histórico e do Catolicismo Romano.

 

Entre 1910 e 1915, publicou-se uma série de fascículos intitulados “The Fundamentals”: enfatizavam a doutrina da Trindade; refutavam a Crítica Bíblica; defendiam a verdade literal dos evangelhos. Realizavam-se congressos e reuniões e fundou-se a “Associação Mundial dos Fundamentalistas Cristãos” (1919). Eram opositores da Ciência e da Liberdade, e promoviam a criação de igrejas excludentes e uma ética de separatismo em relação a outros grupos cristãos e à sociedade, em geral marcados pelas tendências “modernas”. Houve pressão para implantar a oração nas escolas públicas e a leitura da Bíblia, assim como para financiamentos públicos a escolas confessionais e a outras atividades religiosas. A convicção era que a Bíblia, por ser Palavra de Deus, devia ser imposta ao conjunto da sociedade como base da ordem social.

 

1.8 Anexo: A IGREJA E O MODERNISMO

As relações entre Igreja e mundo moderno continuam tensas até inícios do século XX e a atitude da hierarquia católica se resolve a partir do Concílio Vaticano II. O desejo de uma reforma da Igreja era muito forte. Diversas autoridades eclesiásticas lutavam nessa direção. O catolicismo liberal italiano colocava na agenda das reformas o primado da consciência, a conciliação entre autoridade e liberdade, a autonomia da ciência, a liberação das estruturas eclesiásticas supérfluas, a renovação do culto, o desempenho da política. Era desejo de uma catolicismo menos ligado a esquemas tradicionais e com maior participação de todos os católicos na vida da Igreja. Também estava na agenda reformista um programa e uma ação social mais nítida, que superasse os estreitos limites aos quais Leao XIII havia restringido a democracia cristã. Sentia-se a necessidade de superar o esquema tradicional de uma sociedade organizada hierarquicamente, de reconhecer a validade de um progresso social que não descesse do alto, mas que fosse conquistado de baixo, por meio da luta, de abandonar o abstencionismo para participar de modo organizado da vida política.

 

Em filosofia abusava-se do método da autoridade, em que os pensadores modernos eram praticamente ignorados e o sentido histórico do pensamento era muito limitado. Em teologia, a orientação especulativa tinha o predomínio absoluto. Em decorrência da Questão Romana, havia uma desconfiança em relação a tudo que viesse de ambientes não estritamente ligados a Roma. Na Cúria predominava uma orientação conservadora.

 

Havia um sentimento da necessidade da reforma agindo a partir de dentro da Igreja sem abandoná-la ou separar-se dela. Entre os principais protagonistas podem ser citados Alfred Loisy (1857-1940), sacerdote, professor do Instituto Teológico de Paris; George Tyrrell (1861-1909), jesuíta; Friedrich von Hügel (1852-1925), era conhecido como o “Bispo leigo do século XX”; Ernesto Buonaiuti (1881-1946), professor de história da Igreja em Roma; Romolo Murri (1870-1944), sacerdote e um dos principais animadores do movimento Democracia Cristã.

 

As reações do Papa Pio X muitas vezes são drásticas e inflexíveis, principalmente contra as tendências extremistas. Publicou a encíclica Pascendi Dominici Gregis, e a dureza de tom e de expressões lembram as encíclicas Mirari Vos e a Quanta Cura. O modernismo é definido com uma fórmula célebre e muito falada “síntese de todas as heresias”. A encíclica condenava qualquer pessoa que rejeitasse as provas clássicas tradicionais sobre a existência de Deus, que defendesse a separação radical entre ciência e fé e o método exegético conhecido como “demitização”.

 

As reações vão além e alcançam dimensões da vida. Vigilância dos professores dos seminários e das universidades, aumento da censura, proibição de congressos de sacerdotes, instituição de uma comissão especial em cada diocese para indagar sobre eventuais indícios de modernismo, com obrigação de enviar relatórios periódicos para Roma. Impunha também a diversos tipos de pessoas o juramento antimodernista, proibição aos seminaristas e aos estudantes nos institutos religiosos da leitura de qualquer jornal. Eram demitidos os professores suspeitos, proibidos manuais e obras que davam grande desenvolvimento à crítica histórica. Aumentavam as visitas apostólicas nos seminários e nas dioceses.

 

As intervenções tão drásticas do papa Pio X truncaram as tendências racionalistas e imanentistas presentes no catolicismo. Hoje pode-se perguntar se o perigo era assim tão grave como parecia ao papa. Será que a cúria romana não superavaliou as forças dos adversários. A pesada atmosfera de suspeita que chega a impedir os estudantes de teologia da leitura de qualquer periódico levou os novos sacerdotes ao afastamento cada vez maior do mundo moderno. E uma das piores consequências da reação antimodernista foi o atraso dos estudos eclesiásticos, impedindo o desenvolvimento de uma autêntica cultura católica. E cria-se um grande fechamento e intolerância dos católicos em relação ao mundo moderno, fechando-os como fieis ao magistério eclesiástico, mas distantes em relação aos aspectos positivos da sociedade contemporânea. Muitas perguntas se fazem ainda hoje: compensou a luta pagando um preço tão alto, atingindo muitas vezes pessoas inocentes? O perigo era real ou em grande parte era pura imaginação?

 

Karl Rahner, em artigo homenageando R. Guardini, (Humanitas, 20, 1965, p. 399) assim escreveu: “A luta da Igreja contra o modernismo foi com certeza também a luta decidida e vitoriosa em defesa de sua autoconsciência teológica em seu alcance supremo, de sua posse de uma Revelação divina e de uma legitimação sua que deriva de Deus e não dos homens. Todavia, foi também considerada empiricamente a luta de um integralismo que queria dominar a vida inteira diretamente em sentido eclesiástico, de uma neoescolástica que se fechava a uma relação positiva coma filosofia moderna, adotando um estilo de pensamento e de vida da restauração, proveniente da primeira metade do século XIX, estilo que não era adequado nem à grande tradição da Igreja, nem ao presente, nem conseguiria manter viva a legítica herança da filosofia perennis; a luta de um conservadorismo social e hierárquico, que acreditava não poder encontrar por toda parte a verdade e a graça de Deus, mas apenas na concha que a Igreja tinha construído para si desde o tempo do iluminismo. A Igreja perdeu essa luta contra o modernismo, pois com o tempo, em razão de sua essência, não podia de fato querer conduzi-la”.

 

1.9 Papa Francisco e o fundamentalismo

O fundamentalismo desencarna Deus da companhia de seu povo, o desencarnam e o transformam em uma ideologia e, então, em nome de Deus, matam, atacam, destroem e caluniam".

"O fundamentalismo é uma doença de todas as religiões, incluindo da Igreja Católica Romana".

"O fundamentalismo é sempre uma tragédia. Não é religioso, carece de Deus, é idólatra".

“Nós, católicos, temos alguns, até muitos, fundamentalistas. Acreditam que sabem a verdade absoluta e corrompem os outros. Posso dizer isto porque esta é a minha Igreja”.

 

Referências

Segue uma pequena bibliografia para aprofundamento de um dos principais problemas dos tempos contemporâneos.

 

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_____________ (1991). A crise da cristandade e o projeto liberal. São Paulo: Edições Paulinas (História do pensamento católico no Brasil – II).

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Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 13/05/2022
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