Dia limpo de sol e céu azul,
Ainda meio frio nas montanhas,
E um desejo no fundo do coração:
Subir ainda mais no alto
E de lá avistar o horizonte infinito.
Desejo de um êxtase místico
Para a pura contemplação.
Subida cada vez mais íngreme
Com pressa, muita pressa,
Tudo pode mudar.
Como? Lá de cima só se sente a eternidade,
O silêncio de Deus.
Mas....
Um grito forte ecoa ao primeiro olhar.
De onde vem?
Aqui jaz o silêncio!
Uma clareira enorme aberta na mata,
A pele vermelha sangrando,
Escorrendo em sulcos profundos,
Era uma cova rasa
E nela será construída uma sepultura
Em forma de casa,
Rica e bela,
Escondendo a dor da mãe terra
Por míseras trinta moedas
Aos moldes da venda feita por Judas.
Algozes e cúmplices da morte.
Traidores da deusa mãe.
Hoje meu grito:
Salvem meu Caravaggio!