Tem tão pouco tempo que me atrevi nesse caminho, dizendo ser meu desejo poetar o mundo. Quanta ousadia!
Na verdade, estava vendo o mundo muito triste, com tantas mortes imprevistas, sem cura, em desespero. Queria trazer um pouco de alegria, ou não, mas mais leveza, mesmo na dor.
Aí tempos depois comecei a aventura que estarua deixando um pouco de mim em cada poema.
Meu Deus!
Deixar para quem?
E se ninguém quiser?
Tola preocupação!
Ao se deixar em poemas nos tornamos eternos. Que seja até para os deuses, caso eu lhes interesse.
Ao deixar-me eu me torno solidário em minha solidão, e assim quem sabe, alguém possa me encontrar.
Ao deixar-me como poema apenas abro o caminho do mistério e da contemplação, e me faço convite para outros caminharem comigo, também deuxando-se na estrada.
Não queiramos nos carregar egoisticamente.
Ficaremos mais leve na medida em que nos deixamos em pedacinhos no caminho e assim poderemos até voar pelo infinito.