Foram cem quilômetros,
Passos apressados,
Em trilhas e picadas pelas matas litorâneas.
Aquele missionário santo andava sem parar,
Vida dedicada ao povo indígena,
Tornando-se seu intérprete,
Seu defensor e seu companheiro.
Nem sempre se entende a consciência do tempo,
Erros de visão são comuns.
Hoje peregrinos refazem essa caminhada,
Cada passo repetido,
Cada parada refletida,
Celebrada e contemplada.
Novos peregrinos também percorrem selvas amazônicas,
E entregam suas vidas.
Morrem e seus corpos desaparecidos.
Suas vidas incomodavam.
Seu evangelho era a defesa dos mesmos indígenas, das mesmas matas.
Se os passos do passado não estiverem interligados com os passos presentes,
As mortes impiedosas,
Sangue e suor no calvário da Amazônia,
Em vão todas as preces,
Apenas uma caminhada ao longe da história real e atual.
Passos da indiferença!
A mística da peregrinação só poderá ser verdadeira na medida que nossos passos, cada passo, se unam a todos os passos na defesa da vida em sua totalidade.
Então todos os cânticos e todas as rezas estarão postas nos altares sagrados e seremos peregrinos da paz.
Daremos assim os passos da vida e da paz.