Em tempos da virtualidade
Aba não é mais apenas a do chapéu.
Em nossa frente o mundo se abre em abas,
Tudo vai entrando ou caindo na cabeça,
Abrindo um nível sobre outro.
Tudo aberto.
Cabeças com mil abas,
Umas sobre as outras,
O que resta também se torna uma aba.
Abas do tempo,
Da vida,
Até o amor se transformou em aba.
Estamos nos sepultando em abas,
Num caixão?
Talvez não.
Simplesmente nos deixam cair na cova,
E abas de terra sepultam um mundo flácido,
Sem estruta que suporte tantas formas,
Fechando tudo na terra insípida do desterro.