Da ilha de Creta Dédalo e seu filho Ícaro partiram para a liberdade.
Asas construídas com penas e cera de abelha,
E logo ganharam os céus.
Subir cada vez mais alto!
A sedução da grandeza e do sagrado!
Nem os deuses poderão conter o sonho,
Nem os conselhos do pai são suficientes.
Subir sempre!
Sem limites.
A invenção que lhes deu a liberdade
Nem os deuses imaginavam esse feito.
Tudo vai desaparecendo nesse vôo sideral.
O jovem sumiu pelas nuvens.
A liberdade o consome,
E nos engrandece,
Mas é também fragilidade.
Derrete seguranças,
E nos torna prisioneiros de nós mesmos.
Ícaro morreu porque se achava absoluto
E nem conselho do velho pai precisava.
Asas da liberdade,
Também nos lança ao chão.
Entre a liberdade e a prisão
Pode haver a morte.
Ela nos faz homens,
E não deuses absolutos.