Não há quem não tenha visto uma vez na vida esse objeto,
Que pode ser de varinhas ou mesmo de cordão.
Em cada fio um pouco de nós elevado do chão,
Até peças íntimas acabam sendo expostas sem punição.
Apesar de sua enorme importância e valor
Jamais tem o lugar que merece,
restando apenas a área de serviço,
sol e umidade, seu fim, sempre apodrece.
Já vi tantos varais de roupas e só hoje me dei conta de seu valor.
Através da minha extensão feita em roupas me elevo do chão.
Também me dei conta que a poesia tem um lugar de elevação,
Que nos faz pensar naquilo que dizemos e como dizemos.
Então me fiz uma questão: por que não varal de poesias?
Estendidas em fio como ficam as roupas, nos espaços nobres.
E pensei por que jovens e crianças não poderiam ser poetas?
Os poderes ideológicos nos constituem como seres pobres.
Somos alijados e desalojados do eu poético
Para que rastejemos no chão lambendo as botas
Morrendo pelo trabalho e vivendo sem elevação
Cultura da mediocridade que sustenta a nação.
Então, venham jovens e crianças para a construção
De um corredor com varais em toda a extensão
E prendam-se no alto para que todos possam olhar:
A mudança só começará quando sustentarmos o pensar.