Qual a lembrança que se tem desse lugar?
Aquela imagem do casal de “velhinhos” que abria a casa,
Acolhendo netos em grande quantidade,
Desapareceu restando apenas lembranças.
Muitas saudades daquela casa,
Tão grande, onde filhos e netos se encontravam.
No topo de uma colina, com um grande rio correndo embaixo,
Lugar onde todos os dias era sagrado aquele banho demorado.
Quem nunca pulou de uma pinguela jamais entenderá como era a adrenalina.
Com varinha de bambu e um anzol prezo com minhoca,
Era a grande diversão pegar piabinhas aos montões.
A fieira ficava cheia de peixinhos pescados.
Com um canivete ou uma faquinha, logo eram limpos,
E a vovó sempre em prontidão para fritar.
Se não bastassem as pobres piabinhas,
O que dizer do destino das rolinhas?
Diante de um estilingue com bolinhas de barros,
Como éramos bons em pontaria!
Um mês era pouco tempo para tanto trabalho,
Pois ainda tinha as aventuras pelo pasto com vacas de bezerro novo,
E lá na correria para se defender dos chifres ameaçadores.
Era uma verdadeira festa do “peão boiadeiro”.
Completava aquela festa a destreza de montar no pelo,
Em cavalo arredio, sem medo de cair.
Daqueles tempos apenas a memória,
Tudo se desfez restando a história.
A Valada de Cavalinho, paraíso dourado,
Hoje não passa de um campo deteriorado,
Restando pasto e rio seco.
Nada mais de cavalos e rios,
Peixes e rolinhas voando,
Estilingue e bolinha de barro,
Apenas a memória de um tempo de festa.
Pelo menos isso.
Que não nos roube isso que nos resta.