A voz que clamava no deserto
Hoje ecoa nas multidões irmanadas,
Que levam nas mãos suas ofertas
Mas que olham ao sagrado de costas.
São capazes de guardar nos templos seus ídolos,
E levar para os altares o cheiro da pólvora.
O lugar sagrado para o sacrifício
Tornou-se palco e palanque:
Tudo pode ser um show
Ou mesmo um comício.
Gritam o nome de Deus,
Mas seu grito é pura falsidade.
Levam nas marchas deuses inúteis e estranhos,
E se arvoram na posse da graça.
Essa multidão caminha para a terra estrangeira,
Buscando sua própria desgraça.