Quando a seca se torna mais cruel,
Secando córregos e lavouras,
Resta ao homem pobre do campo
Apenas a fé alimentada por procissões
E muitas orações
Com baldes de água levando ao Cruzeiro
Fincado no cume da montanha.
Fé e penitência se misturam com crenças,
Histórias milagrosas de chuvas torrenciais.
Quando menos recursos aquele homem tem
Mais sua fé e suas rezas se mantém.
Se for alienação isso não importa.
Tenho por mim que ainda o que lhe resta
É esse pouco que lhe sustenta.
Tanto lhe foi prometido,
Nada cumprido.
Então viver é o desafio,
Depois de descer o morro da reza e penitência,
Fim da abstinência,
Hora de encher a cara com cachaça
E assim adormecer mais tranquilo,
Até o dia seguinte para olhar pro céu
E sondar os desígnios da natureza.
Hora de mais reza!