Um tempo despido das tecnologias
Sem nenhuma forma de energia
Sem outro meio de comunicação,
Lá estava ele no lugar de destaque.
Por ele chegavam as notícias,
As rezas, as músicas, e os estudos.
Até os namorados enviavam desejos
Sob a forma de músicas solicitadas
Em cartas e dedicadas à pessoa amada.
Do outro lado alguém precisava ficar atento
E não perder aquele momento
Na voz marcante do locutor.
O radinho de pilha, objeto mais desejado,
Símbolo do que era prosperidade.
Símbolo de um tempo diferente da cidade
Onde o sol e a luz, o céu e as estrelas,
Dividiam espaço com ele,
Alegrando as noites enluaradas,
Único som disponível além da vitrola.
Só perdia a vez com a sanfona dourada
E o forró com muitas damas animado.
Hoje o radinho foi destronado,
Usurparam seu reinado,
Os amores tomaram outros caminhos
E os céus encheram-se de nuvens.
O radinho é quase peça de museu.