Diante do quadro de resultados eleitorais nos executivos e legislativos estaduais e legislativo federal, a pergunta que não quer calar: A DEMOCRACIA SOBREVIVERÁ? Quanto vai custar aos cofres públicos sua sobrevivência? Será mantida sem transparência com orçamentos secretos, negociatas construídas nos gabinetes?
Parece-me que estamos vendo se concretizar um Estado autoritário/pentecostal que inclui grande parte da cultura católica e liberal. Forma-se uma cristandade pentecostal muito forte, que independente de pregação doutrinária de agentes religiosos institucionalizados, fincada no solo da intolerância, do ódio, da indiferença, do machismo, da homofobia, do foda-se. Esse terreno religioso (envangélico e católico) está garantindo o caminho para uma política não dada aos mecanismos democráticos da ética e da transparência.
E quando me refiro ao campo religioso não estou necessariamente fazendo referência aos ministros ordenados (padres e pastores), mas também não excluindo parte deles que tanto nas pregações como em seus silêncios vão fortalecendo os cruzados laicos, vestidos da "sã doutrina", guerreando com suas espadas afiadas e semeando muito joio em meio ao plantio do Evangelho de Jesus Cristo.
O silêncio fala e falou muito alto enganando muitos analistas. Não há pesquisa que chegue aos púlpitos das igrejinhas. Não há pesquisa que chegue às conversas de pé de ouvido. Não há pesquisa capaz de medir a força da mentira. Não há pesquisa que chegue aos gabinetes onde se negociam candidaturas e compra de cargos, funções, votos. Não há pesquisa que consiga medir a força/impacto das redes sociais.
Ainda estamos com instrumentos construídos na indústria da verdade. Falta-nos capacidade de medir a força das fake news. Falta-nos coragem para medir a força do que se engocia nos orçamentos secretos, na liberação de emendas parlamentares, nas decisões dos gabinetes.
E, nesse rolo, a democracia, filha da verdade, com sua família de instituições, filha das luzes, talvez não sobreviverá. Outras instituições entrarão em crise profunda. Estamos atravessando um limite imponderável entre a razão ilustrada e transparente, e o campo da falta de escrúpulos e da dissimulação. A sociedade brasileira que registrou seu voto ontem aponta rumos perigosos, difíceis de serem superados em pouco tempo. Estamos vendo uma nova cultura que foge a toda lógica conhecida até agora.
Pode ser que cantemos um "requiem" daqui a pouco! Será tarde.