Ao findar o dia minha alma se aquieta em seu canto
E chora ao ver tanto ódio pelos caminhos,
Tantas guerras sem sentido.
Nos braços dos deuses eu me criei e cresci,
E quando batia medo nas noites escuras
Tinha certeza que elas não eram traiçoeiras.
Acreditava que em nosso meio alguém estava nos cuidando,
Impedindo que as cobras mordessem
E doenças nos levassem.
Hoje tenho medo das orações feitas com Deus acima de todos.
Medo de ser pisoteado, agredido, morto,
Por essa crença que se diz cristã.
Os deuses dos poetas ainda me embalam na poesia
E me levam a adormecer em paz.
Talvez seja a hora de rezar menos
E poetar mais esse mundo.
Talvez chegue a hora de não ter mais hora.
Tarde demais!
Aos poetas mortos imploro sua ressurreição
Para nos fortalecer nesse mundo de solidão
Para nos encorajar na luta contra a guerra,
Contra o ódio!
O último homem a se calar com certeza será o poeta
Que profere a verdade que os imbecis não entendem.
Nesse dia sombrio, de noites escuras, não deixo lamentos
Apenas versos pelo caminho.
No siliêncio de Deus encontro a voz dos poetas.
Impossível detê-los! Não calem sua voz!