Naquele casarão, uma grande escola,
Do silêncio até as vibrantes partidas de futebol,
Internato fazendo da convivência um mundo normal.
As brigas sempre comuns, resolvidas no entendimento
De uma conversa séria chamada pelo superior.
Estudos diversificados que iam do latim à alta abstração matemática,
Da literatura de todos os tipos, até vidas de santos na refeição.
Pelas salas que eram tantas, instrumentos Harmônio
Das pedaladas com vento no fole e o som ecoando forte.
As primeiras experiências musicais no silêncio,
Solitário e sonhador, e um som preenchedor da alma.
Um sonho era chegar ao topo dessa carreira
Concluída em ser organista da missa de domingo.
Quem terminava primeiro os deveres escolares,
A recompensa para ganhar um tempo pedalando
E formando acordes. Que mistério era esse?
Era um tal de primeira, segunda e terceira de uma tonalidade,
Aguçando os ouvidos para perceber as diferenças,
Vendo como essa ordem era mais que numérica
Pois podiam ser encaixadas numa canção.
Depois as coisas iam se complicando,
Tonalidades maiores e menores,
Ritmos e compassos,
Claves e movimentos.
Nos primeiros acordes minha vida se elevou,
Deixando para trás os sons das matas e das cachoeiras,
Da correnteza em tempos de chuvarada.
Resta a saudade, sim, mas resta um agradecimento maior
A todos aqueles que me permitiram caminhar
Da primeira, segunda e terceira,
Ao infinito de inspiração musical.