O tempo que passa nos lega tanto
E até pensamos que ficaram apenas memórias
Quase apagadas como cinza
No máximo uma saudade ou tristeza.
O fogo da modernidade não deixa marcas:
Consumo ou descarte,
Liga ou desliga,
Desaprendemos a conservar.
No passado sabíamos que com o mesmo fogo que se faz o almoço
Também com ele se fará o jantar
E o dia seguinte.
Se o ontem se torna cinza
O hoje se torna mais difícil.
Apenas uma pequena brasa era suficiente.
Por que insistimos no erro de apagar o passado?
Dasaprendemos a conservar brasas,
A continuidade da força e do aquecimento,
E assim olhamos para o futuro,
Quase sempre sombrio ou desesperançoso.
Perdemos o elã que nos une e fortalece
Que nos une ao dia de ontem não apagado,
Que nos lança para o amanhã carregando brasas!
Não é preciso de fornalha e nem braseiro
Apenas uma brasa.