Quando descobri pela primeira vez o futebol
Lá brilhava uma camisa,
Símbolo da arte maior,
Da intuição sem medida,
Sem previsão.
Era a um tempo pura explosão,
E a seguir uma simples parada,
Rodeado por defensores parrudos,
Tantos no bote apontado,
Jogava assim.
Momento em que seus parceiros,
Sempre ligeiros,
Corriam para o objetivo final: o gol.
Consagrou a camisa,
Outros a elevaram,
Mas alguns a usurparam.
Sua dignidade não é o número dez,
Mas o que ela impõe a seus usuários:
O mesmo fervor da arte,
De fazer da bola um campo lúdico,
Um objeto único,
Nos pés daquele que socava o ar.
Valeu, Pelé!
Sua morte o coloca entre os poetas,
Elevados do chão da ambição financeira,
Da prepotência e da arrogância.
És um poeta do movimento,
Do carinho e do cuidado.
Exemplo e mestre,
Sábio com seus adversários,
De respeito e honradez.
Vivemos uma penúria do futebol,
Exaltação da imagem arrogante.
Sua morte, esperamos, que seja um novo
Fênix para uma nova era.