Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
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Camisa 10

Quando descobri pela primeira vez o futebol

Lá brilhava uma camisa,

Símbolo da arte maior,

Da intuição sem medida,

Sem previsão.

Era a um tempo pura explosão,

E a seguir uma simples parada,

Rodeado por defensores parrudos,

Tantos no bote apontado,

Jogava assim.

Momento em que seus parceiros,

Sempre ligeiros,

Corriam para o objetivo final: o gol.

Consagrou a camisa,

Outros a elevaram,

Mas alguns a usurparam.

Sua dignidade não é o número dez,

Mas o que ela impõe a seus usuários:

O mesmo fervor da arte,

De fazer da bola um campo lúdico,

Um objeto único,

Nos pés daquele que socava o ar.

Valeu, Pelé!

Sua morte o coloca entre os poetas,

Elevados do chão da ambição financeira,

Da prepotência e da arrogância.

És um poeta do movimento,

Do carinho e do cuidado.

Exemplo e mestre,

Sábio com seus adversários,

De respeito e honradez.

Vivemos uma penúria do futebol,

Exaltação da imagem arrogante.

Sua morte, esperamos, que seja um novo

Fênix para uma nova era.

 

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 29/12/2022
Alterado em 29/12/2022
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