Edebrande Cavalieri
A escrita é a salvação do espírito, da alma e do corpo.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato

Humus do saber

Imaginemos como seria viver num mundo diferente do atual,

Onde inexiste qualquer meio de comunicação,

Nem energia elétrica e nem mesmo ondas de rádio a pilha,

Distante de qualquer povoação um pouco maior.

Um berro de um boi era um estrondo notado,

Um cantar de canário era a beleza de cada momento,

As quedas de água cristalina, um refrescante descanso,

Um encontro de outra pessoa, um grande momento.

 

Quando chegava o fim de semana,

Era tempo de rezar na capelinha,

Encontrar-se com os vizinhos "distantes"

Mas próximos na realidade de vazio

De notícias em geral

Da política nada se falava

Apenas o padre chegava um vez por ano para a desobriga.

 

A doença! Ah! Doenças! Por quê?

Chás de ervas de tantas espécies

E esperar a vontade dos céus.

Um milagre quase sempre acontecia.

Uma promessa era o mais indicado nas tormentas.

 

O amor quase sempre de cartas marcadas,

Sem alternativas para as escolhas,

A paixão era como uma obrigação definida.

O marchar dos cavalos vestidos com ferraduras

Dava o ritmo de um tempo pacato,

Onde o nascer e o morrer marcavam os destinos.

 

Nem sonhar cabia na vida,

E a vontade de voar esbarrava nos atoleiros

Da vida dura,

Da vida severina diria o poeta urbano.

Viver assim parece destino,

Porém é de onde se extrai o húmus do saber.

 

Da total carência, ao desejo de completude,

Da pobreza de um mundo distante,

As lembranças na vida de quietude.

Aos setenta chegarei assim carregado

E agradecido pelo tanto que me foi dado.

Obrigado, terra do nada e do tudo,

Da carência e da virtude.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 08/01/2023
Alterado em 09/01/2023
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários