Entre todos os lugares em que morei,
Aqui cheguei como quem busca refúgio.
Da pauliceia desvairada, metrópole de tantos sonhos,
Ao recanto envolto em natureza,
Permanentemente ao som de tantos animais,
Do mar calmo e ondas leves,
Porém foi nessa rua que permaneci.
Sua dinâmica social me surpreende a cada segundo,
Seus prédios desaparecem esvaziados ao fim da tarde.
Momento das pessoas se encontrarem nos cafés,
Nos pequenos comércios variados,
Ou mesmo na calçada sem preocupação.
Sabe aquela senhora de 94 anos?
Seus passeios de quadra pela manhã e à tarde,
A cada passo, encontros, mais encontros,
Nem a bengala faz diferença nesse caminhar.
A liberdade transeunte,
O encontro sem marcar,
A conversa sem propósito,
Tudo vai acontecendo sem planos.
As árvores espalhadas pelas calçadas
Emolduram o cenário mais bucólico,
Mais humano e de paz.
De onde cada um reside alcança-se a vida.
Basta abrir a porta e sair para a rua.
Na rua onde mora há muito mais que um simples endereço.
Aqui nos constituímos como seres humanos,
Convivendo para além dos prédios.
Caminhamos assim tomando sol,
Tomando vida,
Contemplando um paraíso de paz.