Celebrando o tempo que a vida me deu,
Em tantos anos vividos nos mais diversos rincões,
Meu desejo se torna ainda mais forte
E me eleva do chão da vida.
Foram-se setenta anos!
Não! Não se foram! Estão comigo.
Carrego cada um com muito carinho,
E nesse momento gostaria de homenagear a todos,
Declamando um verso que os torna eternos.
Como não declamar um verso ao meu nascimento?!
Meu primeiro momento de eternidade!
Depois de duas gravidezes interrompidas naturalmente,
Chegava ao mundo “o mais lindo, o bonitão”.
Assim bradava aos céus aquela mulher-mãe.
Nessa caminhada chega-se ao momento da completude:
Setenta anos cuja medida nunca nos dá a dimensão plena.
Chega-se ao ponto mais alto da ordem natural,
Dizem até que aqui se chega à era messiânica.
Setenta nada mais é que sete vezes dez.
E entre os seus sete atributos identifico-me com alguns:
A severidade apliquei rigorosamente a mim mesmo;
A harmonia que sempre busquei para viver em paz;
A humildade para não renegar minhas origens;
A perseverança para não esmorecer na luta.
Assim chego ao tempo da poesia,
“Versos pelo caminho”,
Regando o caminho da vida derradeira.
É o caminho da herança bendita,
Da eternidade em forma de poema.
Assim me reconcilio com o tempo que se fez amor.