Não sou ateu,
Nem preciso ficar falando o tempo todo em Deus.
Penso que Ele me reconhece sempre na multidão,
Nunca deixou de me estender a mão.
Não sou de ficar chamando "Senhor, Senhor"
E nem de ficar pedindo o tempo todo.
Quase nem vou à Igreja,
Tive algumas decepções que me doeram muito,
De pessoas que se dizem com fé inabalável,
Mas não sabem evitar pisar no próprio irmão.
Doeu-me tanto aqueles que prognosticaram "excomunhão",
Deixaram-me em lágrimas sem perdão.
Foi nesse silêncio de tanta dor
Que meus gemidos foram ouvidos lá em cima.
Ou seria aqui embaixo mesmo?
A hipocrisia e a mentira matam demais!
Ainda são capazes de ficar glorificando o Senhor!
Vendilhões do templo!
No meu silêncio só sei que Ele me ouve
E estendo a sua mão.
Ninguém precisa saber da minha oração,
Nem da minha reta moral.
Se eu pudesse iria para o deserto,
E na noite escura olhar apenas para o firmamento,
E ali ficar contemplando o grande mistério,
Sem querer explicar ou pregar.
Hoje tenho claro que o mesmo caminho dos poetas
Também é o caminho dos místicos.