Já fui rede de malha muito fina,
Carregava tudo o que aparecia,
Tornei-me pesado
E desfaleci,
Rasguei-me ao meio
E me perdi.
Já fui rede de malha larga,
Menos mal,
Só arrumava carga pesada,
As de pouco peso se iam rio a baixo.
Não durei muito,
E tudo se foi na correnteza.
Hoje me basto com a liberdade,
Carrego o que me serve,
Guardo pouco,
Prefiro seguir o rio em todo o percurso,
Admirando as margens
A vida como ela é,
Um leito imprevisível.