Uma visão da vida é de puro mistério:
Cada pedacinho de lembrança
Nos parece ser o mundo inteiro.
Nasci entre matos e florestas,
Árvores gigantes e outras frutíferas.
O maior encanto era poder colher frutos e flores,
E ver os pássaros nelas se divertindo,
Ora comendo, ora dormindo.
Como eu gostaria de ser uma árvore!
As raízes nunca deixaram o chão duro,
Cada vez mais profundas
Em busca de água, alimento e segurança.
O tronco cada vez mais forte,
A copa enfeitando tudo e elevando-se aos céus.
Aos poucos fui percebendo como as folhas duram,
Me encobriram na vida,
Produziram sombra e mais sombras,
Frescor e calmaria,
Maciez para o chão duro a sol,
Proteção aos pés enlameados e empoeirados.
Cada folha que se solta, nada se perde.
Ao vento são levadas ou elevadas,
Quando no chão acolhem os frutos caídos.
São lembranças das marcas do tempo.
Ocuparam seus espaços de encanto,
Num espanto a vida se vai,
Resta-nos colher as folhas
E guardá-las sem pranto.