O outro nunca é tudo,
Nunca é pleno nem para si.
É um grande vazio,
Assim como também somos vazios.
O que busco no outro?
Nada do que tenho,
Nada do que conheço,
Nada do que se esvai.
Um amor feito de total doação
Deixa enormes vazios dentro de si.
A renúncia do que sempre se deseja
Te joga na penúria da existência.
Então o amor de troca,
O amor da mão dupla,
Acaba se tornando essencial.
Amar o outro não é sacerdócio,
Não é pura doação ao sacrifício.
Mas nos educaram para eterna escolha,
Jamais para renúncia do que lhe pertence
Para ser compartilhado com o outro.
Tornamo-nos capitalistas demais no amor.
Não há como dar certo esse caminho.
Amar não é lugar para depósito bancário,
Nem caixa eletrônico para se sacar dinheiro.
Amar transcende nossas vidas cotidianas
E se envolve na união plena de compartilhar.