Passando por uma rua onde uma casa serve excelentes vinhos com queijos importados, deparei-me com uma cena inusitada: cinco moças estavam sentadas ao redor de uma das mesas daquele lugar tão convidativo para um encontro entre amigos. Todas estavam com semblantes felizes, e tudo indicava ser um encontro entre grandes amigas.
Esse seria o cenário normal e natural para a cena descrita acima. Afinal, pareciam ser moças com idades bem semelhantes, e fisionomias tranquilas. Quase parei perto daquelas moças para fazer uma fotografia. Porém, meu sexto sentido me disse que seria algo que poderia abalar aquela tranquilidade entre amigas. Belas amigas que se encontram numa casa de vinhos! Os deuses pareciam estar ultrassatisfeitos.
Porém, seus sorrisos não se encontravam entre si. Cada uma sorria como se estivesse olhando num espelho, com a cabeça meio inclinada. Os olhares não se cruzavam e nem se encontravam entre elas. Que coisa estranha é esse encontro! Estariam brigadas? Não me parecia. E fiquei observando meio ao longe para não estragar aquela bela cena de amizade tão verdadeira. Mas será que cada uma delas era a melhor amizade para a outra?
Na verdade, cada uma estava olhando na direção das mãos, com dedos ágeis dedilhando a tela, e recebendo de volta as reações. Na verdade, não estávamos diante de cinco amigas reunidas numa mesa redonda, mas diante de encontro de duplas.
Então vi como o mundo está mudando. Grupos não há. Duplas cada vez maiores. Somos duplas que não se encontram. Estar ao lado nem sempre indica encontro. Díades virtuais!