Aquele resto do doce guardado com cuidado,
Demorado e reservado,
Como se ali naquele cadinho
Contivesse a plenitude do sabor.
Desde criança aprendi a cuidar dos restinhos,
De tudo o que eu mais gostava.
Dava briga forte quando alguém tomava o restinho guardado.
Então seguindo o caminho da vida,
O cuidado com o que me resta,
Mas com o desejo de dividir esse docinho
Com alguém que se alimente no amor.
De tudo que vivi pela vida,
Era chegar ao momento da plenitude.
Sempre entendi que ali estaria o que reservei,
Como a melhor parte do doce.
Como poderia amar assim com esse restinho de doce?
É um restinho precioso que preciso dividir.
Não busco a companhia da morte,
Mas o lado mais profundo do viver
Que se encontra no amor,
Pedindo aos deuses para nunca acabar,
E na liberdade de amar em paz
Num canto qualquer somente nós dois.