Quantos preconceitos às chamadas “ovelhas negras da família”! Tantos sofrimentos famílias inteiras passaram quando algum membro muda os rumos das coisas. Parece romper um elo construído por gerações e gerações. Sempre transformado como ente da maldição divina. Esquecemos que os sofrimentos estão na linha generativa e nesse elo considerado uma maldição todo o grupo poderá encontrar a bênção.
As ovelhas cósmicas sempre criticadas, julgadas, rejeitadas, excluídas, na verdade são caminhos de libertação no desenvolvimento da árvore genealógica. Essas ovelhas são libertadoras, pois cumprem um papel fundamental dentro do sistema familiar ao reparar, apanhar e criar o novo fazendo desabrochar ramos na árvore genealógica. A rebeldia é terreno fértil, a sua loucura é água que nutre, sua teimosia é um novo ar, sua paixão é fogo que volta a acender o coração de todos os ancestrais.
Sua rebeldia reflete desejos reprimidos, sonhos não realizados, talentos frustrados de nossos ancestrais. A tendência da árvore genealógica é querer continuar a manter o curso castrador e tóxico do seu tronco. As novas flores e os novos ramos virão não dessa tendência castradora, mas de quem tenta romper. Em cada pessoa do presente se depositam sonhos de todos os antepassados.
Por fim, a paz num grupo familiar somente acontecerá quando todas as pessoas que pertencem a sua família têm um lugar em seu coração. Quando um membro é considerado doido, louco, maluco, quando é rejeitado, discriminado, excluído, a paz não acontecerá. Ninguém da família terá paz quando um de seus membros for excluído. É o alto preço que se paga para manter o poder castrador da estrutura mantenedora.
Estruturas morais que elevam exclusivamente o lugar do bem tendem a ser hipócritas, falsas. Vivemos dominados por essas estruturas que amaldiçoam ovelhas perdidas, condenando-as ao fogo do inferno. O processo de libertação e crescimento de uma estrutura familiar passa pela recuperação do lugar e do valor da ovelha cósmica no conjunto da descendência.