Depois de tantos anos peregrinando por outros cantos,
Voltar a sua terra natal,
Aquela mesma casa pertinho da mata,
De onde se ouvia a passarada cantar,
E as aras voarem seguras sobre as copas das árvores,
Busquei aquela biquinha onde tantas vezes encontrei água.
Como era gostoso sentir aquela água cristalina
Saciando a sede e molhando o corpo suado!
Enquanto crianças dizíamos que era nossa geladeira!
Sua queda pequena formava um poço
Onde pequenos peixinhos se divertiam de um lado para outro.
Alguns insetos eram enganados pelo espelho d'agua
E morriam afogados na própria imagem refletida.
Comida fresquinha dos peixinhos!
Hoje resta apenas a lembrança,
Doída porque tudo se desfez.
Tudo secou,
A vida evaporou ao sol causticante,
Os homens sumiram para a cidade grande.
Hoje eu queria apenas a biquinha,
Bem pertinho de mim,
Para beber água com a boca aberta,
Sentindo ela cair na garganta
Como se fosse dádiva dos céus.
Então...de boca aberta...