Entre vales e altos morros
A infância se construía em fantasias,
Imaginações de todo tipo.
De casa olhava para o alto
As nuvens cobrindo o pico.
Achava sempre que lá chovia primeiro.
Quanto sonhar em subir até lá,
Mas o medo era grande.
O que teria lá?
O céu encostava na terra
E se alguém ousasse subir até lá?
O medo sempre presente
Desaparecer entre as nuvens,
Virar algum anjo talvez
E deixar meus pais sofrendo.
Mas era preciso subir,
Escondido,
Ninguém podia saber.
Lá se foram dias, meses e anos,
Sonhando como escalar aquele morro
Que namorava as nuvens
E abraçava o céu.
Todas as tentativas fracassaram
Antes de chegar ao meio,
Aquela voz chamando:
- Volta que aí tem bicho e tem cobra.
Uma simples palha de coco
Servia para escorregar morro abaixo
Chegando aos tombos
E ralando o corpo.
Medo e coragem misturados
E lá estava o céu a me seduzir.
O pico dos morros foram sonhos,
Fantasias e descobertas.
Hoje viraram terra plana
Sem mistério.