Foram 35 anos e 6 meses dedicados ao Ensino, à Pesquisa, à Extensão e à Gestão na UFES. Desde Professor Auxiliar I a Professor Titular, percorri todos os níveis do Magistério Superior, bem como diversas funções administrativas de gestão como Coordenação de Curso, Chefe de Departamento, Diretor de Centro, Chefe de Gabinete e Secretário de Avaliação Institucional.
Hoje, 31 de agosto de 2018, encerro este ciclo profissional na UFES. Ao entregar as chaves do setor e o telefone institucional, tantos sentimentos de diversos matizes tocaram a alma e o espírito. Carrego comigo aqueles sentimentos mais puros de gratidão, de solidariedade, de interesse público, de compromisso. Carrego comigo a convivência com tantos servidores técnicos administrativos que trabalharam comigo e me deixaram tantos motivos de orgulho de estar com pessoas tão comprometidas e competentes. Nas pessoas dos servidores da Seavin carrego o que há de melhor desta categoria. Obrigado por tanto que me ensinaram. Dos colegas professores carrego os sonhos e as utopias por uma universidade cada vez mais inclusiva. Ingressei com a luta pela democracia no Brasil e termino a carreira com medo do nosso destino. Dos alunos carrego o brilho dos olhos nas aulas de filosofia – busquei trazê-los para ver o mundo no que ele tem de mistério e encantamento, enxergando pelo menos um palmo a frente do nariz.
Olhando para este tempo vivido e espaço percorrido numa Instituição Pública, depois de dois anos conduzindo os processos avaliativos, tomo o direito de dizer umas sínteses: temos um quadro docente muito bom e ótimo com notas 4 ou 5 nas avaliações externas. Ainda estamos precisamos caminhar muito no que se refere à organização didático-pedagógica; neste ponto podemos avançar, independente da dimensão financeira.
No campo da infraestrutura está a responsabilidade da União. Uma universidade com mais de 60 anos, tanta coisa precisa ser melhorada, reformada, ampliada, adequada aos novos tempos de tecnologia...está aqui a grande responsabilidade do Governo Federal, o mantenedor da Instituição. Infelizmente grande parte de nossos veículos de comunicação não consegue distinguir as responsabilidades de cada setor, e vive atacando permanentemente a única universidade pública do ES. É preciso que o povo capixaba defenda este bem da cultura que lhe pertence. Carrego muita tristeza de alguns grupos que insistem em destruir este bem das mais diversas formas. Quando interesses privados, particulares ou políticos partidários se sobrepõem às necessidades da instituição temos a sepultura do saber.
Por fim, outro campo que precisa ter apoio do Governo Federal está na assistência estudantil. É preciso garantir aos mais pobres de nossa sociedade o acesso e a permanência nos cursos universitários públicos. Não se pode fazer política em cima das necessidades do povo. O grito dos alunos é o grito da necessidade, é o grito dos pobres deste país. Não basta apenas garantir o ingresso desta população com o mecanismo das cotas sociais; é preciso garantir sua permanência. Esta é a luta fundamental à qual são convocados todos os segmentos da Universidade.
Ainda carrego muita força e vigor para continuar, mas é preciso saber se retirar e o momento chegou. Grato à vida e a Deus pelo caminho vivido e percorrido. Avante UFES!
31 de agosto de 2018.