Dos tempos de infância na minha rocinha,
Entre morros e muitos córregos,
A hora em que o temporal se formava
Medo e muita expectativa:
Raios cruzando os céus metiam medo
Mas a água escorrendo pelos vales
Enchendo aqueles pequenos córregos
Era como se o mundo mostrasse toda sua força.
E quando se podia escapar para brincar na chuva,
Os pés embarreados nos faziam de oleiros.
Quantos bonecos, quantas bolinhas de barro!
Quando a chuva caia até os animais ficavam parados.
As palavras do pai:
- Hoje vai chover tanto que cavalo vai beber em pé.
A chuva caindo era festa, alegria, brincadeira.
De noite embalava nossos sonos
Ouvido as goteiras caindo em latas espalhas pelo terreiro.
Hoje, quando a chuva cair
Um misto de saudade e dor:
Tudo mudou.
A cobiça inundou nossos corpos
A felicidade escorreu pelos bueiros.