I - A FLOR CAÇULA
Teu nascimento sem o pai em casa,
Lá se foi o irmão mais velho chamar a vizinha,
Parteira renomada do lugar,
Que veio correndo para nossa casa.
Afinal a mãe estava com dor de cabeça rsrs
Nasceste assim, naturalmente,
No Pastinho do Rio Doce,
À beira da mata.
Era a caçulinha!
A mais cheia de graça!
Todos a carregam no colo
E também recebe mais apelidos.
Neném! Nunca tem fim,
Sempre será. Até Nena!
Tuca! Humm por quê?
Seu choro, ouvido por todos,
Era aquele que a mãe mais escutava
E saía atrás de quem te fez chorar,
Não importava o motivo.
Como era gostoso te carregar na garupa!
Mas também um risco: se cair, já era!
A mãe desembestava atrás,
E tome tamancada na bunda.
Corríamos para o meio do mato,
Só de noite a volta,
Devagar, observando a mãe,
Se tinha ainda um tamanco para jogar.
Ela já tinha esquecido tudo,
E agora só queria nos dar o jantar.
Hoje continua sendo a caçulinha,
Bela flor de nossa família!
É a nossa “Neném”!
A nossa Augusta,
Divina! Dádiva dos deuses!
Ainda gostaria de te carregar no colo,
Ou na garupa, e apenas te dizer:
Eu te amo muito, minha mana querida!
II. A FLOR QUE SE FOI
Como você era apressadinha ein!
Quis ser a primeira a se casar.
Nem idade tinha para isso,
E lá fui eu a te conduzir ao altar.
Era o seu mano querido que se orgulhava,
Em nome do pai lá ia conduzindo a noiva.
E apressadinha também se foi para a casa do Pai.
Por que assim tão novinha?
Meu Deus! Num final de semana,
E tudo estava terminado,
A Deus entregava seu espírito,
Pois o corpo havia sido destruído pela meningite.
Ficamos nós buscando você em todos os lugares,
Nas festas familiares,
Entre seus filhos e seus netinhos.
Não era para ser assim!
III. A FLOR DO MEIO
Num grupo de cinco irmãos
E ser a terceira irmã,
É ficar na corda bamba mesmo.
Em alguns casos é pirralha,
Principalmente em determinadas brincadeiras
Ou certos programinhas infantis.
Em outros casos tem que ter juízo,
Pois é a mais velha das três últimas.
A flor do meio sempre será olhada,
Sempre terá um lugar em forma de balanço.
Nunca ignorada,
Sempre terá lugar de equilíbrio.
Uma confissão particular:
- Rita, você foi o equilíbrio nos momentos mais fortes
Quando a dor da perda atingiu nosso caminho.
Hoje expresso meu agradecimento,
Nosso reconhecimento,
A flor do meio esqueceu até de si mesma.
IV. A FLOR PARCEIRA
Você chegou em segundo lugar,
E aproveitou a mesma festa.
Era sinal que outras flores iriam se abrir.
Foste a confirmação da vida procriativa,
Alegria de quem chegou antes.
E assim foram chegando as demais flores,
Mas contigo fiz uma aliança:
- Subir o pé de bambu
E deixar que o vento nos levasse longe
Envergando as varas macias.
Como era fantástica aquela brincadeira,
Até o momento que a flor do meio aparecesse
E se metesse entre as varas de bambu,
Caindo e chorando para nosso desespero.
Era a certeza que iríamos apanhar,
Pois tínhamos que ser responsáveis.
- Quem manda a flor do meio se meter nessa brincadeira?
Só nos restava desaparecer em meio ao pasto
E só retornar para casa ao anoitecer.
Valeu a parceria, Gera querida!