Alguém já disse que mães não deveriam morrer,
Mas até Deus as quer em determinado momento.
Então ficamos com partes do tempo,
Eternizadas como memória.
Seu caminho de ser mãe
Mãe, foste a força em todos os momentos:
Na lida diária, árdua e dura, na dura vida.
Esperaste o primeiro filho, que se perdeu.
Veio antes da hora e não nasceu.
Esperaste o segundo, e também se foi.
Apenas o terceiro, tão esperado e desejado,
Chegando forte para o seu encanto.
Ficaste mais bela com esse rebento
E assim foi construindo seu jardim.
Tempo de espera
O primeiro choro na casa!
Quando virá?
Depois de um longo e intenso tempo de espera,
Carregaste com todos os cuidados.
Em sua cabeça tantas incertezas,
Momento tão esperado!
Chegaria ao fim esse novo momento?
Era preciso muito cuidado,
Com seu eterno companheiro sempre atento.
Ao redor daquela casinha tudo era paz
E o tempo se fazia presença crescente.
Da carestia à alegria
Criaste cinco filhos com muito suor e sem pranto.
Se choraste, ninguém sabia.
Na falta de alimento, a criatividade,
Fazendo de qualquer coisa a melhor de todas.
Fé em Deus, forte e vibrante,
Até nas tempestades maiores
Seu rosto resplandecia confiança.
Partidas
Foram tantas partidas,
Despedidas,
Corações em lágrimas.
A mãe que vê filhos partirem ainda novos
E só reencontrá-los tempos depois.
Então o tempo de sorrir.
Como era bom retornar
E sentir o sabor materno,
Tempo de puro carinho.
Assim foram os anos se passando
Filhos crescendo,
Os sonhos realizando,
Mas as partidas sempre foram cruéis.
Mulher sábia
Sabe, aquela mulher analfabeta,
Sábia nas coisas da vida e irrequieta,
Que olhava para o céu sempre com esperança
E o futuro com muita confiança.
A pobreza nada significava além dos parcos
recursos.
Na enxada ou no cuidado dos filhos,
Do humus da terra retirou o alimento
E me fez doutor.
Uma vida de fé e esperança
Não importava a forma da reza,
Na capelinha ou no grande templo,
Para lá caminhava sempre
Era o encontro mais esperado.
O que rezava?
Somente no seu coração
O próprio Deus encontrava sua intenção.
Sua partida
Também chegou a sua vez.
Deus podia tê-la deixado entre nós.
Como era bom receber o seu abraço,
Levá-la para almoçar no restaurante!
Ou mesmo em nossa casa
Em tantos momentos festivos.
Quando resolvia participar da farra
Até uma cervejinha encarava
E dizia que já estava trocando as pernas.
Agora com as bebidas celestiais,
Ao lado de seu amado e sua filha apressada
A eternidade se faz pura alegria e paz.